Pesquisadores norte-americanos apresentaram resultados promissores para o desenvolvimento de uma vacina universal contra a gripe. A vacina tem potencial para oferecer proteção vitalícia contra o vírus, que está em constante mutação, eliminando a necessidade de vacinas anuais contra diferentes estirpes. Em estudo publicado nesta sexta-feira, 19, em Comunicações da Naturezamostraram a eficácia do imunizante contra o vírus da gripe aviária H5N1, considerado o mais provável de desencadear a próxima pandemia.
O estudo ainda é inicial. Desenvolvida pela Oregon Health and Science University (OHSU), nos Estados Unidos, a pesquisa realizou testes em macacos. Entre os primatas, os cientistas observaram uma resposta imunitária potente contra uma estirpe do vírus da gripe aviária.
Os pesquisadores relataram que seis dos 11 primatas vacinados sobreviveram à exposição ao vírus H5N1, considerado altamente patogênico. Em contraste, os seis primatas não vacinados expostos ao vírus morreram.
Mas a novidade não termina aí. Embora os macacos demonstrassem imunidade contra a doença, a vacina injetada neles não foi criada especificamente com base no vírus H5N1 contemporâneo; em vez disso, a vacina dos pesquisadores foi feita para combater uma versão do vírus H1N1 responsável pela gripe espanhola de 1918 – uma das últimas pandemias de gripe e que matou milhões de pessoas em todo o mundo.
Isto significa que a mesma vacina pode ter potencial para proteger contra todas as estirpes da gripe, incluindo aquelas que ainda não surgiram.
Este feito foi possível graças à característica única desta vacina: o seu alvo. As vacinas comuns são projetadas para induzir uma resposta de anticorpos que tem como alvo a evolução mais recente do vírus, diferenciada pelo arranjo de proteínas que cobrem a superfície externa do microrganismo.
A plataforma criada pelos cientistas envolve um tipo específico de célula pulmonar, chamada célula T efetora de memória, e concentra-se nas proteínas estruturais internas do vírus, que permanecem relativamente inalteradas ao longo do tempo.
“O problema da gripe é que não é apenas um vírus”, disse Sacha. “Tal como o vírus SARS-CoV-2, está sempre a evoluir para a próxima variante, e somos sempre deixados a perseguir onde o vírus estava, e não onde estará.”, explica o principal autor da investigação, Jonah Sacha, em um comunicado de imprensa.
Embora o estudo ainda seja inicial, os pesquisadores acreditam que, em pouco tempo – pelos padrões científicos – teremos a vacina pronta. “É emocionante porque, na maioria dos casos, este tipo de investigação científica básica faz avançar a ciência muito gradualmente. Isto poderia realmente tornar-se uma vacina em cinco anos ou menos”, disse Sacha.
A abordagem utiliza uma plataforma de vacina previamente desenvolvida por cientistas da OHSU que já está a ser utilizada num ensaio clínico contra o VIH, e os cientistas acreditam que poderá ser útil contra outros vírus mutantes, incluindo o SARS-CoV-2.
“É uma mudança radical nas nossas vidas”, disse Sacha. “Não há dúvida de que estamos à beira da próxima geração na forma como lidamos com doenças infecciosas.”
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