Os investidores foram às compras no início desta semana, após o fim da incerteza em torno da campanha democrata para as eleições dos Estados Unidos em novembro. Com a desistência de Joe Biden, o dólar voltou a cair nos pregões desta segunda-feira (22/07) e fechou em queda de 0,60%, cotado a R$ 5,57. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresentou estabilidade e encerrou o dia com leve alta de 0,19%, aos 127.859 pontos.
O desempenho do mercado de ações brasileiro poderia ter sido ainda melhor se não fossem as ações da Petrobras, que permaneceram baixas ao longo do dia devido à queda nos preços internacionais do petróleo. No fechamento, as ações preferenciais da empresa (PETR4) caíram -1,99, sendo vendidas a R$ 37,92. As ações da Vale também encerraram em queda, -0,11%, sendo vendidas a R$ 61,05.
Nos EUA, as principais bolsas apresentaram resultados positivos. O índice Dow Jones subiu 0,39%, enquanto o Nasdaq e o S&P 500 fecharam a sessão com altas de 1,68% e 1,08%, respetivamente. O consultor de Economia da BMJ Consultores Associados, Guilherme Gomes, explica que a relativa estabilidade do mercado acionário brasileiro e as altas menos expressivas nas bolsas de Nova York revelam que a desistência do democrata já era esperada e precificada pelo mercado.
“A expectativa é que a desistência de Biden repercuta na bolsa e no câmbio durante as próximas semanas, quando o Partido Democrata definirá quem será o substituto de Biden na chefia da chapa presidencial”, acrescenta o especialista. Nomes como o da ex-primeira-dama Michelle Obama, da governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, e de outros políticos do partido ainda estão em discussão, juntamente com a favorita à disputa, Kamala Harris, atual vice-presidente do país.
Na visão do economista e sócio da Vokin Investimentos, Guilherme Macêdo, o anúncio feito por Joe Biden no último domingo (21/7) foi o ponto final de uma incerteza que já pairava sobre o cenário eleitoral norte-americano desde o ano passado. “Já se falava muito sobre sua incapacidade de conquistar um segundo mandato e, nesse sentido, os democratas também não tinham quem substituir no início do ano passado”, avalia.
Apesar disso, Macêdo destaca que o ex-presidente Donald Trump ainda é o principal favorito para a disputa. O republicano divide opiniões no mercado devido à sua postura expansionista, apesar de defender o mercado livre, com redução de impostos. “Ele foi um cara que gastou mais durante o mandato, então não tem uma tendência fiscal forte”, acrescenta.
Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, as perspectivas não devem mudar significativamente com a desistência de Biden, apesar de acreditar que o mercado avaliou bem a mudança. “Um candidato democrata seria melhor visto pelo mercado devido a menos incerteza e poderia suavizar ainda mais o dólar e a curva de juros, melhorando potencialmente os mercados americanos e emergentes”, destaca Komura. As taxas de juros ainda são um ponto sensível nos EUA. Atualmente, a taxa está numa faixa que varia entre 5,25% e 5,50% ao ano – a maior em mais de 20 anos.
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