A abertura das Olimpíadas de 2024 em Paris continua a repercutir nas redes sociais, especialmente nos meios políticos. Uma encenação artística do quadro “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci, protagonizada por pessoas de diferentes géneros, culturas, idades e orientações sexuais, não agradou aos políticos de extrema-direita, que falam em “blasfémia” e “intolerância religiosa”.
A obra de Leonardo da Vinci refere-se à última refeição de Jesus Cristo com seus discípulos antes de ser crucificado. Na cerimônia de abertura, a obra foi representada em dois momentos. Primeiro, um desfile de moda na mesa rodeado de frutas. Em seguida, a reinterpretação da pintura de Da Vinci voltou a aparecer na seção “unidos na diversidade”, que contou com um espetáculo de dança com elementos criados pela comunidade LGBTQIA+.
Nesta época, os personagens cristãos eram retratados por homens, mulheres, crianças e drag queens famosas do país, como Nicky Doll, Paloma e Piche. A modelo Raya Martigny, mulher transexual, também participou do momento.
As cenas foram intercaladas com outras apresentações, como o show da cantora Lady Gaga, considerada ícone da comunidade LGBTQIA+, e da cantora francesa Aya Nakamura. Para finalizar, o cantor e ator Philippe Katerine apareceu sobre a mesa pintada de azul, representando o deus Dionísio, da mitologia grega.
O espetáculo artístico foi duramente criticado por figuras da extrema direita global, como membros do partido Reunião Nacional, da França, e os deputados federais de Bolsonaro, Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG).
“Uma festa que tinha tudo para ser bela e participativa, exceto quando a cultura desperta contamina o país e impõe sua intolerância aos cristãos do mundo”, publicou Zambelli no X, antigo Twitter.
Uma festa que tinha tudo para ser bela e participativa, exceto quando a cultura desperta contamina o país e impõe sua intolerância aos cristãos de todo o mundo.
Espero que nossos atletas sejam vitoriosos em suas categorias e honrem nosso país predominantemente cristão! pic.twitter.com/F1rjMxY1Er
-Carla Zambelli (@Zambelli2210) 26 de julho de 2024
Exigem respeito por tudo, menos pela nossa fé.
São a favor de toda a diversidade, excepto a diversidade cristã. Pedem tolerância, exceto contra aqueles que discordam deles. Prazer, ativismo LGBT.— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) 26 de julho de 2024
Nunca tolere ou aceite a blasfêmia. Abandonar as Olimpíadas – e se eu fosse atleta, também abandonaria.
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) 27 de julho de 2024
O que aconteceu em Paris não foi uma cerimónia de abertura olímpica.
— Leandro Ruschel ????????????????????????????????? (@leandroruschel) 27 de julho de 2024
Representantes do bolsonarismo também compararam o evento a uma “missa satânica”, ritual da Igreja Satânica que simboliza a morte de Cristo, mas sem ressurreição.
“Todos são filhos de Deus”
Apesar das críticas, a performance também foi vista como uma arte que acompanha o mundo pós-moderno, onde a diversidade de cor, raça, idade e gênero é amplamente defendida. “Só vejo transformadores em volta de uma mesa. Nada mais. Se o objetivo era reinterpretar A Última Ceia, também não há problema, afinal todos ali são filhos de Deus. Um transformista tem tanto valor quanto qualquer outra pessoa”, disse um usuário do X.
A extrema direita francesa também criticou o espetáculo. “A todos os cristãos do mundo que se sentem insultados pela paródia da drag queen, saibam que não é a França que fala. Mas uma minoria na esquerda está pronta para qualquer provocação”, disse a deputada francesa Marion Marechal.
Só vejo transformadores em volta de uma mesa. Nada mais. Se o objetivo era reinterpretar A Última Ceia, também não há problema, afinal todos ali são filhos de Deus. Um transformador tem tanto valor quanto qualquer outro. pic.twitter.com/JZFTL21zGV
—Felipe Maruf Quintas (@FelipeMQuintas) 27 de julho de 2024
A primeira imagem não é a última ceia. É uma pintura. É arte. A segunda imagem não é a última ceia. É uma performance. É arte. pic.twitter.com/RmESOEXVm9
— O senhorenzo ????????? (@themisterenzo) 27 de julho de 2024
Cultura Acordada
O termo acordei, citado pela deputada Carla Zambelli, em tradução livre, significa “acordei”. A gíria norte-americana pode indicar com quais posturas políticas as pessoas mais se identificam.
O uso do verbo “Woke” como posicionamento surgiu com o movimento Black Lives Matter, criado para denunciar a brutalidade policial contra pessoas de ascendência africana. Recentemente, o termo se popularizou e assumiu proporções e significados mais amplos.
Em 2017, o Oxford English Dictionary adicionou um novo significado para “acordar”, definindo-o como “estar consciente das questões sociais e políticas, especialmente o racismo”.
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