As aprovações de José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB) como candidatos a prefeito de São Paulo ocorreram em ambientes completamente opostos. Enquanto o primeiro foi marcado pela tensão, com xingamentos e tentativa de invasão do auditório onde aconteceria o evento por ativistas contrários à postulação do apresentador, no segundo reinou a convergência do partido em torno do nome do deputado — atestada pela presença do o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
Já se sabia que a confirmação do nome de Datena ocorreria em clima de conflito. Isso porque o ex-presidente do PSDB paulista, Fernando Alfredo, na véspera, havia dito que participaria da militância para forçar a disputa pela indicação entre ele e o apresentador —que, ao chegar, foi assediado por palavras que vieram de um carro de som. .
Irritado, Datena retribuiu os insultos dos apoiadores de Alfredo, chamando-os de “fascistas”, “vagabundos” e “vendidos”. Ao entrar no auditório da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) onde aconteceria a homologação, o apresentador não esperou ser anunciado, pediu silêncio e começou a atacar.
“É um monte de gente vendida ao prefeito de São Paulo [Ricardo Nunes], que está cagando nas calças de medo de chegarmos, pela via democrática, à Prefeitura de São Paulo. Não temos medo de lutar contra essas pessoas. Eles se misturam com criminosos para manter o crime organizado no poder. Vamos devolver o poder ao povo para que ele não pague para andar nos ônibus do PCC e não sei se tem gente da facção aqui dando problema. Vamos devolver o PSDB ao povo e colocar na cadeia essa escória do crime organizado”, disse, citando o episódio em que o Ministério Público de São Paulo apontou que as ligações das empresas de ônibus UPBus e Transwolff — que atendiam a cidade — eram armas de lavagem de dinheiro do PCC.
Depois, já no palco montado para a aprovação —e ladeado pelo presidente do partido, Marconi Perillo, e pelo presidente do PSDB paulista, José Aníbal, confirmado como vice na chapa a prefeito —, Datena voltou ao ataque contra Nunes.
“Esse prefeito, em vez de bater com o punho dos outros, deixou ele bater com a mão aberta, suja de muitas coisas que estão sendo investigadas pelo Ministério Público e pela polícia, que estão atrás de pessoas que querem corromper a cidade de São Paulo “, acusou.
Mas ele não atacou apenas Nunes. Ele também partiu para Guilherme Boulos (PSol) e afirmou que a polarização em São Paulo interessa apenas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Aceitamos o voto do bolsonarista que não vai votar no Nunes porque sabe quem ele é. Aceitamos o voto do lulista que não vai votar no Boulos porque sabe quem ele é”, disse, classificando-os também como “ fantoches”.
Ao sair do evento, a hostilidade contra Datena continuou, o que o levou a se dirigir a um dos portões da Alesp para trocar insultos com apoiadores de Alfredo —que prestaram boletim de ocorrência alegando ter sido agredido por seguranças do apresentador e do PSDB.
Convergência
No evento que confirmou Tabata como candidato a prefeito de São Paulo, o clima foi de convergência —e também diferentemente de Datena, a vaga de vice-presidente na chapa permanece aberta. Além de Alckmin e Casagrande, ela também estava acompanhada de João Campos, namorado e candidato à reeleição no Recife, e de Márcio França, ministro do Empreendedorismo, Microempresas e Pequenas Empresas.
“Eu não deveria estar aqui hoje porque este não é o lugar que as pessoas prepararam para mim quando eu nasci. Não é o lugar que as pessoas sonharam para a filha de uma diarista e de um condutor de ônibus. , foi porque forcei a minha entrada”, lembrou, num discurso escrito.
Tabata criticou o fato de São Paulo ser a cidade mais rica do país e ter uma grande população pobre e sem teto. “A Cracolândia é abastecida cada vez que uma criança abandona a escola, uma família é despejada, uma pessoa sofre abusos e não é acolhida, cada vez que um paulista é jogado na rua. Brasil do que os milhares de miseráveis que estamos vendo aglomerados sob nossos viadutos e marquises”, frisou.
A candidata do PSB também deu a entender que espera uma campanha de baixo nível dos adversários. “Eles virão com ódio, com mentira, mas a nossa arma é a esperança. Aprendi que a esperança é contagiante e vamos contagiar esta cidade com a nossa luta, coragem e firmeza”, observou, aproveitando para homenagear o ex-governador do O pernambucano Eduardo Campos, pai de João Campos, falecido em acidente de avião em 2014, adaptando uma frase que ele dizia. “Não vamos desistir de São Paulo”, enfatizou.
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