A proximidade das eleições municipais revela uma das grandes preocupações que afligem os governos e cidadãos brasileiros: as notícias falsas. A 16ª pesquisa do Observatório Febraban, realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), divulgou dados inéditos sobre a disseminação de notícias falsas durante as eleições.
Para 73% dos brasileiros, as notícias falsas são o principal problema durante as eleições e 88% dos eleitores acreditam que as penalidades deveriam ser mais severas para o candidato que divulga ou se beneficia de notícias falsas. A punição mais favorável (52%) é o impeachment da candidatura e multa pecuniária (14%).
A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 4 de julho de 2024, quando foram entrevistadas 3 mil pessoas das cinco regiões brasileiras sobre seus interesses, preferências e expectativas nas eleições municipais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou o dia 16 de agosto para o início dos anúncios das eleições gerais. Antes desta data, qualquer publicidade ou manifestação solicitando voto está sujeita a multa. De 30 de agosto a 3 de outubro, os candidatos terão direito à publicidade eleitoral gratuita no rádio e na TV.
Os resultados mostram que os meios de comunicação mais utilizados para informação sobre as eleições são a televisão (37%) e as redes sociais (30%), enquanto os meios digitais em conjunto representam 42% dos meios de informação. Em relação às notícias falsas, mais da metade (59%) da população brasileira afirma já ter recebido algum tipo de notícia falsa, e 30% afirmam ter se sentido prejudicados com a informação. Além disso, 25% dizem que já foram bloqueados ou foram bloqueados por alguém ou grupos de WhatsApp por causa de conflitos relacionados a candidatos, e 59% dos que sofreram bloqueios acreditam que isso acontecerá novamente este ano.
A pesquisa mostra ainda que, mesmo sem definições de candidatos, 36% dos entrevistados já declararam que fizeram sua escolha por candidatos a prefeito. Outros 29% afirmaram, porém, que só decidirão o candidato na reta final, após o último debate. Além disso, 68% da população afirma “conhecer bem” e 25% “mais ou menos” sobre as responsabilidades das administrações municipais, estaduais e federais.
Segundo o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe, os dados representam algum entendimento por parte da população da estrutura federativa, além da proximidade dos candidatos com os cidadãos dos municípios.
“Os resultados refletem naturalmente a maior proximidade dos cidadãos com o município, dada a sua experiência direta com a prestação de serviços nos seus bairros e comunidades”, avalia. “Os dados demonstram a compreensão da estrutura federativa por parte da população: enquanto o gestor local é responsável pela administração direta dos serviços públicos, o chefe do Executivo Federal desempenha papel central na gestão do país, na execução das políticas públicas nacionais e, sobretudo, na condução da economia, o que se traduz em condições de emprego, rendimento e controlo da inflação”, acrescenta.
*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro
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