Uma nova cepa do vírus responsável pela febre oropouche (OROV) pode estar ligada ao atual surto da doença, segundo pesquisa liderada por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Só neste ano, foram registrados mais de 7,2 mil casos da doença no país, que também registrou duas mortes, as primeiras no mundo.
A pesquisa, disponibilizada na plataforma de pré-impressão medRxiv e ainda não revisada por pares, teve como objetivo rastrear a origem e a evolução genética do OROV que levou ao surto iniciado em 2022. Para isso, os cientistas analisaram 382 genomas completos do vírus, coletadas de amostras humanas em diferentes estados da região Norte, entre 2022 e 2024.
Segundo a reportagem, o aumento de casos de OROV coincide com o surgimento de uma nova linhagem viral, provavelmente originada no Amazonas entre 2010 e 2014, e que se espalhou silenciosamente na segunda metade da década de 2010.
A investigação sugere ainda que a propagação do vírus foi impulsionada principalmente por movimentos de curta distância de mosquitos infectados (menos de 2 km), mas que houve uma proporção significativa de migrações de longa distância (mais de 10 km), o que indica que atividades Os humanos contribuíram para a dispersão do OROV.
O que é febre oropouche?
A febre Oropouche é uma doença causada por um arbovírus (vírus transmitido por mosquitos) denominado Orthobunyavirus oropoucheense (OROV). Transmitido ao homem principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou flebotomíneo, esse vírus foi detectado no Brasil na década de 1960, a partir de uma amostra de sangue de uma preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. .
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença são semelhantes aos da dengue e da chikungunya. O quadro clínico agudo pode progredir com febre de início súbito, cefaleia, dores musculares e articulares. Outros sintomas como tontura, dor atrás dos olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.
Até este ano, não havia registro de mortes pela doença na literatura. O Brasil, porém, confirmou duas mortes pelo vírus na Bahia. Um terceiro caso em Santa Catarina continua sob investigação.
Além disso, estão sendo analisadas seis possíveis ocorrências de transmissão vertical da doença, ou seja, transmissão de mãe para filho, durante a gravidez. Dentre eles, dois casos resultaram em morte fetal, houve aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como microcefalia. Os pesquisadores ainda investigam a real relação entre a doença e as condições.
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