Na primeira incursão do supervisor artístico Walter Salles e do cineasta Sérgio Machado, em uma animação com potencial infantil — o longa-metragem Arca de Noé, baseado em clássico de Vinicius de Moraes —, houve uma preocupação importante em investir em mensagens fortes , bem como da catástrofe climática. “A Arca de Noé é uma aventura musical, mas também tem elementos de uma fábula política. Ideias e valores que transmitimos aos nossos filhos e queríamos transmitir às crianças que assistem. arca — com animais de todas as espécies — é uma metáfora do planeta”, aponta Sérgio Machado.
Ao lado do codiretor Alois Di Leo, Machado, roteirista da série inédita Cidade de Deus e parceiro de Karim Aïnouz na série Alice, encarou uma coprodução entre Índia e Estados Unidos para dar vida ao filme dublado por talentos como Lázaro Ramos, Alice Braga, Marcelo Adnet e Rodrigo Santoro. Adnet interpreta o rato guitarrista Tom, enquanto Santoro interpreta o poeta roedor Vini, ambos na trilha do bravo leão Baruk (Ramos). “Num espaço limitado, a arca, é onde os animais precisarão aprender a sobreviver e conviver uns com os outros”, destaca o diretor.
Antes de estrear no Brasil (no dia 7 de novembro), o filme é vendido para mais de 70 países, numa lista que inclui Camboja e Vietnã. Um reflexo de cuidado, do início ao fim, e de capricho evidente até nos créditos finais, elaborados, de forma artesanal (com bonecos de papel), ao contrário do resto do filme. “Com características essencialmente brasileiras, reforçamos que nada era inferior, tecnicamente, às grandes produções internacionais. Brasileiro, o filme também é universal, já que a ideia da Arca está presente nas mais diferentes culturas”, explica.
Entrevista // Sérgio Machado, diretor de Arca de Noé
A produção foca na latinidade, como o codiretor peruano Alois Di Leo?
A chegada do Alois deveu-se inicialmente ao facto de eu não ter experiência em animação. Ele é especialista em animação e já morou no Brasil, tendo sido apresentado pelos coprodutores do filme. Viemos de origens diferentes, mas a interação foi boa. Uma parceria de muita troca, aprendizado e complementaridade. Foi um processo longo e nos tornamos amigos.
Há uma preponderância do Brasil na fita; Voltamos aos tempos do Zé Carioca nas telonas?
A ideia do projeto partiu da Susana de Moraes, filha mais velha do Vinicius, ela procurou o Walter Salles e ele me convidou. Susana e eu ficámos grandes amigos e tivemos muitas conversas sobre o “espírito de Vinicius”, que queríamos trazer para o ecrã, uma forma irreverente de ver o mundo, cheia de humor ácido e, por vezes, trágico. Queríamos fazer um filme próximo do Vinicius… e o Vinicius de Moraes é muito brasileiro. Os personagens infantis de seus poemas não são nada fofos, são o pato, que pinta a caneca e vai parar na panela, o porquinho que vira bacon…
Que conflito pode avançar a trama?
Há um leão tirânico na arca (interpretado brilhantemente na versão brasileira por Lázaro Ramos) que dá uma espécie de golpe para dominar os demais animais. Os animais mais fracos como ratos e insetos precisarão unir forças, utilizando o único talento que possuem, que é a música, para evitar que o leão subjugue todos os outros animais. A arte, no nosso filme, é vista como o melhor antídoto para a barbárie.
Que universo você descobriu com a animação?
Sempre gostei muito de animação. Uma inspiração inicial para nós foram as Silly Symphonies, desenhos musicais das décadas de 1920 e 1930 de Walt Disney. A sofisticação no uso do som e da música é tão grande nesses curtas que o diretor russo Sergei Eisenstein e o compositor Sergei Prokofiev foram aos Estados Unidos para entender a técnica. Meu filho assistiu e assistiu novamente quando era pequeno. Meus filhos, aliás, foram importantes nesse processo, eu escrevia as histórias que contava para eles à noite. No Brasil, uma referência importante foi o humor e o caráter irreverente do cartunista Fernando Gonsales, pai de Níquel Náusea. Acho que nosso filme também comunica um pouco com o humor do Shrek, que atinge adultos e crianças em diferentes níveis.
Como os discos de Vinicius influenciaram sua vida?
A Arca de Noé atravessou a vida de brasileiros de diferentes gerações. É difícil encontrar alguém que não saiba cantar como O Pato, A Casa e o Leão… Eu tinha o disco, lembro da capa que tinha um encarte para recortar. Fez parte da minha infância, do Walter, dos irmãos Gullane (Caio e Fabiano, produtores) e conversamos muito sobre a importância disso no início do projeto. A figura do Vinicius, o pequeno poeta, fez parte da minha infância, adolescência e vida adulta. Eu, como muitos meninos da minha geração, dediquei às minhas amigas os sonetos de amor de Vinicius, e Vinicius também foi um grande crítico de cinema. É sinônimo de amor à vida, culto à amizade e belas parcerias. Já o amava e depois que conheci a Susana — que herdou muito do espírito do pai — apaixonei-me ainda mais. Eu li muitas coisas dele enquanto trabalhava nos roteiros para tentar absorver o máximo possível de seu espírito.
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