Pouco antes do Dia dos Pais, um pai orgulhoso exaltou a possibilidade de constituir família. O rapper Rashid lança o álbum Portal, álbum que homenageia seu próprio filho, Cairo. O álbum inaugura uma nova fase na carreira do músico que investe no pop e cria um trabalho que se orgulha e quer que o filho sinta também.
Em um trabalho curto, de apenas 9 faixas e 33 minutos, o cantor se abre ao público sobre como se sente em relação à paternidade, escreve uma carta para o filho e não tem vergonha de ser vulnerável a quem o ouve. Esse movimento gera um resultado que agrada e surpreende. “Fizemos um ótimo trabalho, fizemos um ótimo álbum, estou muito feliz com o álbum que fiz, acho que criativamente é o meu auge”, acredita Rashid.
“Pode ser que em algum álbum tenha alguma letra específica que as pessoas achem melhor, mas acho que como grupo, como um trabalho que coloca as músicas uma ao lado da outra, e olhando a capacidade dessas músicas de provocar reflexões , de tocar o coração das pessoas, a capacidade de causar identificação, esse é o meu melhor trabalho”, destaca Rashid, que tem uma carreira consolidada com outros quatro álbuns lançados e faixas com centenas de milhões de reproduções em plataformas digitais.
Rashid destaca que esta obra fala do momento que atravessa, tudo o que rima é verdade para ele no momento. “Estou falando da minha verdade, porque entendo que ao falar sobre ela acabo falando de vocês que estão me ouvindo também”, analisa. “O que faz parte da minha vida vai consequentemente fluir para a minha arte”, acrescenta.
Dessa forma, mesmo o som mais próximo do pop é consequência de como a própria música tem sido vista. “É uma busca real, mas é uma busca de aproximação. Quero me ver próximo da música que me inspira além do rap”, afirma o rapper que convidou nomes como Péricles, Lagum, Melly e Lenine para alcançar o resultado que desejava. “É uma questão de me aproximar das minhas referências, das minhas inspirações e deixar essas coisas realmente emergirem no meu jeito de fazer som de uma forma que não seja forçada”, completa.
Tudo pelo filho
Porém, todo esse discurso de que a ideia não é agradar ninguém cai por terra quando Rashid menciona Cairo, seu primeiro filho. “Fiz música tentando agradar muita gente, nichos e tudo mais. Porém, agora tem uma pessoa específica que quero sempre agradar e que quero gerar um sentimento de orgulho”, afirma o rapper. “Esse é o álbum do Rashid Dad, com certeza, e sinto que maturidade é sobre uma outra perspectiva como essa, sobre uma nova perspectiva e que ensina muito, é muito rico”, afirma.
O rapper conta que Cairo, que também dá nome à segunda faixa do lançamento, já serve de primeiro filtro para as músicas que Rashid produz em casa. “Enquanto estou produzindo, ele sobe e fica aqui ouvindo. Faço o teste com ele: se ele balançar a cabeça, já está na hora”, brinca o artista que, falando sério, diz que tudo mudou desde o nascimento. “O filho te coloca em condições de olhar tudo de novo, e olhar tudo com novos olhos, com uma beleza, uma simplicidade, percebendo a poesia nas coisas”.
Rashid ainda não sabe se seu primogênito desenvolverá o gosto pela música, mas tem certeza de que, caso se interesse, terá um mundo para explorar e ao qual se apegar. “Uma música que é parceira, uma música que agrega conhecimento, uma música que provoca reflexão, uma música que toca emoções, que é capaz de ser companheira num momento de alegria, num momento de tristeza, de dor profunda, mas também num momento de festa e tudo”, diz.
Porém, além da música, Rashid quer deixar Cairo orgulhoso como pai. “Existe uma responsabilidade, mas existe um caminho, porque não adianta pensar que vou deixá-lo orgulhoso só por ser um grande MC, um grande músico. Ele tem que ver um ótimo pai diariamente. É esta figura que vai construir a ponte para que ele possa sentir orgulho do que faço lá fora.” Afinal, é ele quem deixa uma imagem para ser lembrada por quem realmente se importa com ele. “O Cairo me faz olhar minha vida de uma forma diferente, me faz olhar minha trajetória de uma forma diferente, porque a partir daquele momento sou um ancestral”, afirma.
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