Projeto cultural organizado por alunos e professores da UnB, o Cinebeijoca retorna à programação mensal do Cine Brasília a partir de segunda-feira (8/12). Em cinco sessões de cinema, a mostra Ternura e Rebeldia tensiona o limite entre o delicado e o indomável. Com entrada gratuita, a abertura é marcada pela exibição do longa-metragem O Espírito da Colmeia (1973), do cineasta espanhol Víctor Erice.
Com apoio da Faculdade de Comunicação da UnB (FAC), da organização Box Cultural e da Finatec, o projeto oferecerá um debate ao final de cada sessão. O bate-papo de estreia contará com a participação da pesquisadora e preservacionista audiovisual Lila Foster e da pós-graduanda em comunicação social, artista e cineclube Ana Clara Bilar. A mediação será feita por Franco Carneiro, também integrante da Cinebeijoca.
A professora da FAC Audiovisual Mariana Souto é uma das coordenadoras do projeto de extensão cinematográfica. Ela afirma que a escolha do filme de abertura se relaciona bem com o tema da exposição, pois traz uma perspectiva infantil de olhar o mundo de forma curiosa e assustada: “As duas protagonistas do clássico do cinema espanhol são irmãs crianças que desobedecem regras em tempos e Eles têm uma visão de fascínio e medo diante do desconhecido.”
Dos debates formados por professores e alunos do audiovisual surgiu o tema Ternura e Rebeldia. Os integrantes do projeto pretendem realizar uma exposição sobre infância e juventude no cinema, seguida de rebelião e atos de insurgência, que estejam ligados à juventude. Os critérios de escolha dos filmes de cada sessão foram a relevância histórica da obra e o potencial de debate e reflexão dela decorrente. “Procuramos escolher filmes menos acessíveis, que não são facilmente encontrados, na tentativa de trazê-los novamente ao debate, contra a tendência do esquecimento”, afirma o professor.
Com um público bastante ativo e participativo, Mariana antecipa que a Cinebeijoca oferecerá sempre debates envolventes. O filme de Erice está relacionado com a Espanha do pós-guerra, e o criador imagina que serão abordados temas de contexto político no que diz respeito à sensibilidade da obra à ditadura. “A reflexão é sobre política, história e também sobre o próprio cinema. No filme, a pequena Ana é impactada pelo monstro Frankenstein enquanto o cinema passa pela cidade. É uma alegoria sobre o papel da imaginação na nossa relação com o mundo” , ele argumenta.
Em 2023, o projeto esteve ativo, exibindo filmes brasileiros da década de 1970. Nesta nova edição, a exposição é internacional com obras de diferentes períodos históricos. Com equipe maior e mais tempo de amadurecimento, o impacto esperado das Cinebeijocas é incentivar práticas cineclubistas na capital. “A experiência coletiva é fundamental para a formação cultural e artística. O cineclube é uma forma de compartilhar ideias. É muito diferente da experiência de assistir um filme sozinho e ir embora depois”, descreve Mariana.
Em parceria com o último cinema público de Brasília, o Cinebeijoca se destaca por oferecer uma programação diferenciada, com filmes de outras épocas e de diferentes países. “Esses filmes interessam tanto aos jovens que estão construindo sua cinefilia, quanto aos mais experientes, que buscam rever filmes importantes em sua formação”, afirma a professora. Ela destaca que atualmente a maioria dos cinemas exibe apenas lançamentos comerciais e produções de Hollywood. O projeto é uma exceção no mercado.
Serviço
Cinebeijoca: mostra Ternura e Rebeldia
Abertura com o filme O Espírito da Colmeia na segunda-feira (8/12), a partir das 19h, no Cine Brasília. Entrada gratuita
*Estagiário sob supervisão de Severino Francisco
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