As entrevistas de emprego podem ser momentos estressantes para muitas pessoas, principalmente quando há situações desconfortáveis e questões discriminatórias, que podem passar despercebidas pelo futuro colaborador. No mês passado, a fala do empresário Tallis Gomes que afirmou “não contratar esquerdistas” repercutiu negativamente entre os usuários das redes sociais e abriu o debate sobre os comportamentos que o entrevistador deveria seguir, além das perguntas adequadas à situação.
Algumas questões podem ser interpretadas como invasões ou ataques à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas e podem gerar riscos diversos, como ações e condenações judiciais trabalhistas, cíveis e até criminais, além de denúncias perante autoridades públicas, segundo especialistas .
A advogada trabalhista Paula Borges explica que não existe uma lei ou norma específica que defina o comportamento adequado durante o processo de contratação. “Recomenda-se, durante uma entrevista de emprego, que sejam feitas perguntas específicas sobre a vaga. Perguntar sobre estado civil, intenção de ter filhos, orientação sexual, religião, posicionamento político, enfim, tudo isso não é viável, pode ser consideradas situações de discriminação”, explica.
Segundo o advogado trabalhista Fábio Medeiros, certas questões envolvendo características pessoais ou mesmo familiares dos candidatos podem ser necessárias durante o processo de coleta de informações para que a empresa ofereça benefícios ou mesmo para preencher declarações trabalhistas, previdenciárias e fiscais obrigatórias. para contratação.
“Essas questões, porém, só deverão ser apresentadas quando o candidato já tiver sido notificado para contratação e não durante o processo de recrutamento e seleção, sob pena de eventualmente serem interpretadas como potencialmente discriminatórias. É o caso das declarações e provas sobre a existência de dependentes, sexo, cor, raça, idade, local de residência, entre outros”, explica.
Caso o futuro funcionário passe por situação constrangedora ou discriminatória, Medeiros aconselha entrar em contato com o Ministério Público do Trabalho e registrar reclamação contra a empresa contratante. “As práticas trabalhistas ilegais, mesmo na fase de contrato pré-emprego durante os processos de recrutamento e seleção, podem ser denunciadas ao Ministério do Trabalho e Emprego ou, caso envolvam coletivos, ao Ministério Público do Trabalho, autoridades que contam com atendimento via internet , por telefone ou pessoalmente.”
Exposição na internet
Depois de sofrer uma violação ou desrespeito, muitas pessoas recorrem a desabafar e se expor na internet em busca de consolo ou denúncia. Para Medeiros, porém, expor esse tipo de situação na internet pode ser mais prejudicial para o funcionário do que para a empresa. “Sem desconsiderar de forma alguma os motivos das pessoas e os impactos emocionais que as situações enfrentadas nos processos de recrutamento e seleção podem causar, recomendamos que os candidatos avaliem cuidadosamente se o melhor caminho é a internet, onde nada é apagado e que inegavelmente serve como fonte pública informações sobre ninguém”, recomenda.
Embora trabalhe com práticas éticas no ambiente de trabalho, Paula Borges também foi vítima de desrespeito em entrevista de emprego. O advogado lembra que, no período eleitoral, uma das questões eliminatórias referia-se ao posicionamento político. “Uma das dúvidas era se eu era de esquerda ou de direita. Como mulher, já me perguntaram muito sobre meu estado civil, com quem moro, se pretendo ter filhos, entre outras questões chatas. ” ela diz.
O auxiliar administrativo Juliano da Silva, de 42 anos, já perdeu oportunidades de emprego por conta da idade. “Sentimos que perdemos o cargo porque estávamos muito velhos. Nunca me foi dito com todos os detalhes, mas dá para perceber. Um processo que eu estava participando, estava tudo certo para eu começar a trabalhar, e do nada disseram que a vaga já estava preenchida. Quando fui ver, contrataram uma pessoa bem mais jovem”, conta.
*Estagiária sob supervisão de Rosana Hessel
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