O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta quarta-feira (14/8) por telefone com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Na agenda, as eleições na Venezuela. Discutiram o que pode ser feito para mediar a crise entre o presidente reeleito Nicolás Maduro e a oposição, representada por Edmundo González nas eleições.
O Planalto ainda não se pronunciou sobre o telefonema, mas a expectativa é que os dois líderes se pronunciem em conjunto, como ocorreu na conversa anterior. Brasil e Colômbia adotaram uma postura cautelosa, não reconhecendo a vitória de Maduro, nem de González, e pedindo a divulgação dos registros eleitorais.
A ligação foi feita após o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, se afastar da mediação e dizer que não participaria da conversa com Lula e Petro no momento. Até então, Brasil, México e Colômbia atuavam juntos como mediadores. Fontes do Itamaraty ouvidas pelo Correspondência salientamos, porém, que a saída de Obrador não altera a linha de ação.
Em entrevista coletiva, o presidente mexicano foi questionado se manteria contato com Lula e Petro. Os três países trabalhavam para apresentar uma “solução negociada” para a crise, já que tanto Maduro como González se declaram vencedores e não querem ceder. respondeu Obrador.
Uma das ideias consideradas pelo presidente Lula é sugerir a realização de novas eleições, com observação mais rigorosa e concordância de Maduro e González. Porém, a expectativa é que nenhum deles aceite a medida. À medida que a crise avança, torna-se cada vez mais difícil encontrar uma saída.
Maduro intensificou a repressão, prendendo até agora 1.200 opositores e bloqueando redes sociais no país. Além disso, ainda não apresentou os registros eleitorais, documentos que comprovariam sua vitória. O caso está a ser analisado pelo Supremo Tribunal da Venezuela, mas que é controlado pelos aliados de Maduro.
O Brasil mantém sua posição oficial de não reconhecer o resultado até a publicação da ata. Há pouca expectativa, porém, de que Maduro apresente os documentos. Um aumento da tensão na Venezuela poderá levar a novas convulsões sociais e crises económicas, causadas pelo endurecimento das sanções e pela repressão violenta do regime chavista. Brasil e Colômbia fazem fronteira com a Venezuela e estão preocupados com a instabilidade na região.
Hoje, o chanceler Mauro Vieira parte para a Colômbia, onde terá encontro bilateral com seu homólogo, Luis Gilberto Murillo.
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