Uma tempestade repentina, violenta e mortal na costa da Sicília, na Itália, afundou o luxuoso veleiro Bayesian nesta segunda-feira (19/8) e matou cinco pessoas. A ilha fica no Mar Mediterrâneo, ponto de encontro de iates, cruzeiros e barcos no verão pelas águas calmas — mas que ainda podem ser perigosas.
Não é de admirar que muitos migrantes morram todos os anos na travessia entre África e a Europa através do Mediterrâneo. Pode ser turbulento e, com a ação humana, torna-se cada vez mais perigoso.
As razões do naufrágio do Bayesiano estão sendo investigadas. Segundo o presidente da Sociedade Meteorológica Italiana, Luca Mercalli, “estava escuro e não há imagens disponíveis”. Porém, acredita-se que o iate tenha sido atingido por uma tromba d’água, um dos tipos de tornado que existe. Naquele dia, pelo menos 24 trombas d’água foram relatadas em toda a Itália.
O fenômeno é uma coluna rotativa de ar sob uma tempestade, que geralmente acontece acima da água e se alimenta de calor e umidade. A maioria das trombas d’água são fracas, durando alguns segundos antes de se dissiparem, de acordo com o meteorologista da Universidade de Reading, Peter Inness.
Um estudo da Universidade de Barcelona indica que é mais fácil encontrar trombas d’água quando o oceano está quente. As alterações climáticas levaram à ocorrência de mais tempestades, algumas influenciadas pelas diferenças nas temperaturas da água, dizem os meteorologistas.
Explicação técnica
Quando os oceanos estão quentes, eles injetam mais calor na atmosfera, o que pode se transformar em ventos fortes ou tempestades. A enchente que atingiu a Sicília atingiu o Mediterrâneo pelo leste e ganhou energia com a alta temperatura do oceano, segundo o Instituto de Ciências Marinhas da Espanha.
A temperatura da água na Sicília, por exemplo, é de aproximadamente 30ºC, 3ºC acima do normal para esta época do ano, disse Mercalli CNN.
Os cientistas estimam que o Mediterrâneo esteja a aquecer 20% mais rápido do que a média global. “O aquecimento global está intensificando todos os eventos extremos, com grandes custos para as pessoas e para a sociedade”, conclui Mercalli.
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