Cientistas da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, desvendaram mistérios que cercam os impactos do hormônio tireoidiano no sistema nervoso. Publicado na revista Cell, o estudo realizado em ratos mostra como a substância modifica a estrutura dos circuitos cerebrais, levando os animais a desenvolverem comportamentos exploratórios. A pesquisa destacou os impactos na coordenação entre mente e corpo, essencial para comportamentos adaptativos, como busca de parceiros ou armazenamento de recursos em diferentes estações do ano.
O autor principal, Daniel Hochbaum, pesquisador de neurobiologia do Instituto Blavatnik da Harvard Medical School, afirmou que o papel do hormônio tireoidiano na modulação do metabolismo já é conhecido. “Agora demonstramos que também modula comportamentos exploratórios através de ação direta sobre o cérebro”, reforçou em nota. Segundo ele, o estudo também esclarece como níveis desregulados da substância podem estar relacionados a quadros psiquiátricos, como depressão e mania.
Hochbaum, que se interessou pelo tema depois que sua esposa foi diagnosticada com hipertireoidismo, encontrou uma ligação pessoal com a pesquisa. “Fiquei realmente surpreso ao ver que o hormônio da tireoide teve efeitos psiquiátricos importantes”. Ao lado de Bernardo Sabatini, professor de neurobiologia e autor sênior do estudo, eles decidiram explorar por que o hormônio tireoidiano pode afetar o comportamento cerebral.
O estudo revela que o hormônio tireoidiano não apenas influencia o metabolismo, mas também altera a fiação cerebral, afetando a exploração e a busca por recursos. A dupla descobriu que a substância atua em circuitos neuronais do córtex, ativando diversos genes e alterando o comportamento dos camundongos.
Os pesquisadores dizem que suas descobertas podem ter implicações significativas para a compreensão das condições psiquiátricas. Eles planejam continuar explorando como o hormônio da tireoide pode influenciar a atividade cerebral em diferentes contextos, como traumas psicológicos e desastres naturais. “A ideia é que essas condições também estejam moldando a atividade exploratória, então talvez a manipulação do hormônio tireoidiano revele pontos de entrada relevantes para o tratamento”, concluiu Hochbaum.
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