O plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, imprimiu, nesta sexta-feira (23/8), uma frase do cantor e compositor Renato Russo, para abrir a cerimônia em comemoração ao Dia Mundial do Rock, comemorado oficialmente em 13 de julho. A iniciativa é inédita e contou com a presença de parlamentares, bateristas, violonistas, baixistas e cantores no Congresso.
Com os dizeres “Fascistas são pessoas que não deixam você pensar do jeito que você quer”, o som do rock ganhou espaço pelas estruturas além dos muros da Câmara. Representantes da cultura do Distrito Federal e do Brasil, personalidades históricas do rock, fãs do estilo e estudantes de escolas públicas do DF participaram de uma série de shows em homenagem ao gênero.
Apesar de estar longe da data oficial do Dia Mundial do Rock, a cerimônia ainda teve um caráter simbólico: o dia 23 de agosto marca o dia do lançamento da campanha Feminicídio Zero, que elenca uma série de compromissos para o combate à violência contra as mulheres.
“Queremos viver numa sociedade onde ser mulher não seja doloroso. E o rock também fala sobre isso. Feminicídio zero”, disse a deputada federal Erika Kokay (PT), responsável pela criação do evento, aberto ao público e transmitido online.
Renato Russo e Cássia Eller foram representados por meio de suas mães. Maria do Carmo Manfredini e Carmem Teresa, mãe e irmã, respectivamente, mantêm viva a memória da cantora. Os dois disseram que nunca imaginaram que ele e a Legião Urbana alcançariam o sucesso que tiveram e que isso teria tanto peso na história do Brasil.
Maria do Carmo relembrou as vezes em que ouviu a voz do filho no Japão, Itália e Portugal. “Nunca imaginei que aquelas reuniões em casa, os ensaios na Colina, nos prédios da UnB, iriam tão longe”, disse ela.
Aos 89 anos, ela diz que tem ficado mais em casa, mas em eventos como o de hoje faz questão de estar presente e celebrar a vida e a história do cantor. A irmã, Carmem Teresa, quis deixar um recado para os fãs de Renato Russo: “Repito meu irmão: quem acredita, sempre consegue. Esta mensagem é importante porque nos permite ter forças para alcançar os nossos sonhos e continuar a luta.”
Mineira, a mãe de Cássia Eller, Nancy Ribeiro Eller, fez de Brasília seu lar. Aqui, onde morou muitos anos com a filha, ela diz que consegue manter uma ligação forte com a filha. “Tudo aqui me lembra ela. No começo foi muito difícil, mas aos poucos ela foi ganhando reconhecimento. Ela não desistiu”, disse ela.
A cantora ficou conhecida pela irreverência e autenticidade, pela voz marcante e timidez, mas também pela atitude de usar a arte e a música como luta e protesto, dando voz a “Malandragem” e “Brasil”, composições de Cazuza feitas para criticar q situação política e social do país.
Renato Russo, autor de músicas como “Que país é esse?” E o “Caboclo Faroeste” também desempenhou um papel fundamental ao levar protestos políticos e sociais a Brasília e ao Brasil em nome da democracia e da justiça. As letras das músicas tornaram-se hinos de protesto e resistência, servindo de inspiração para gerações e gerações que carregam o espírito de luta por igualdade e justiça.
Historicamente utilizado como ferramenta de protesto, o rock and roll surgiu na década de 1950 como expressão contra o sistema político. Marcado por uma atitude e comportamento revolucionários, o estilo serviu também como movimento de contracultura e continua a mover gerações como arma política. “Precisamos lutar por uma política pública cultural para o rock”, argumentou Erika Kokay.
Camila Curado
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