Um medicamento oral mostrou-se promissor no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas, de acordo com um estudo apresentado na Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão em San Diego, Estados Unidos. Testada nas fases 1 e 2, a molécula-alvo BAY 2927088 recebeu a designação de terapia inovadora (breakthrough therapy) pela agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) por ter como alvo uma doença grave. A medida visa reduzir o tempo de desenvolvimento e registro de determinados medicamentos.
Embora a maioria dos pacientes com câncer de pulmão sejam fumantes, alguns nunca chegaram perto de fumar. Uma das explicações para esses casos são as mutações genéticas. “Um desses genes que pode sofrer mutação é o HER2 que, apesar de não ser uma minoria de casos (1% a 2%), está sendo cada vez mais detectado, porque realizamos testes cada vez mais extensos nos pacientes para identificar essas mutações raras”. explica Daniel Musse Gomes, médico da D’Or Oncologia e pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).
Estudos anteriores já haviam comprovado a segurança da molécula, além de demonstrar atividade antitumoral em pacientes com câncer de pulmão avançado e que apresentam mutações no HER2. A pesquisa apresentada ontem por pesquisadores da Universidade do Texas, nos EUA, e da Universidade de Seul, na Coreia, avaliou a sobrevida livre de doença em pacientes — todos eles já haviam sido tratados anteriormente com alguma terapia disponível, mas sofreram progressão da doença.
Metástase
Foram inscritas 44 pessoas – 70,5% nunca fumaram e 54,5% já haviam recebido duas ou mais linhas de tratamento. Os médicos os acompanharam por 10,9 meses. A taxa de redução do tumor foi de 72%. Em 2,3% dos casos houve resposta de 100%. A duração média da remissão, quando a doença não é detectada, foi de 8,7 meses e 7,5 meses, respectivamente.
Além disso, num subgrupo de pacientes com um tipo específico de mutação HER2, a resposta foi de 90%. Entre os oito participantes que tiveram metástases cerebrais, 62,5% tiveram redução do tumor.
“Atualmente, existem opções de tratamento com anticorpos monoclonais para tratar essa doença no Brasil. Porém, novos medicamentos continuam sendo desenvolvidos, buscando principalmente maior eficácia”, afirma o oncologista Igor Morbeck, da Oncoclínicas Brasília, e especialista em câncer de pulmão. “Na conferência, o estudo foi recebido com entusiasmo”, diz ele. “Sem dúvida foi um dos estudos que mais chamou a atenção”, concorda Daniel Musse Gomes. Os dois médicos esperam que os testes de medicamentos cheguem aos centros de pesquisa brasileiros.
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