Em meio à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Manaus, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), reconheceu situação de emergência em 71 municípios da Amazônia Legal. Destes, 26 são devidos à seca e 45 devido à seca. No total, mais de 330 mil habitantes de áreas de emergência foram afetados pelos incêndios na região. A diferença entre estiagem e estiagem ainda é algo que pode confundir a população. Da duração à diminuição extrema dos recursos hídricos, conheça mais sobre os dois fenómenos climáticos.
Brasília atingiu nesta quarta-feira (11) a marca de 142 dias de seca, segundo o Instituto Brasileiro de Meteorologia (Inmet). As chuvas na capital só devem retornar em outubro. Num ranking feito pelo Inmet sobre número de dias sem chuva, o ano de 2024 está, por enquanto, em 4º lugar, atrás apenas de 1995 (143 dias), 2004 (147 dias) e 1963 (163 dias).
O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por sua vez, informou que o país vive a pior seca dos últimos 70 anos, ao utilizar o Índice Padronizado de Evapotranspiração e Precipitação para avaliar cada ano desde 1950. Em boletim publicado em agosto, o Cemaden também prevê que 4.583 municípios brasileiros enfrentarão algum grau de seca ao longo do mês de setembro, sendo 232 em seca severa.
Seca
Para Michael Becker, mestre em engenharia ambiental pela Universidade Técnica de Cottbus, na Alemanha, seca “refere-se a um período prolongado de tempo com precipitação abaixo da média esperada para uma determinada região e período do ano. “É caracterizada pela falta temporária de chuvas, o que pode afetar a disponibilidade de água, principalmente para a agricultura. As secas são eventos climáticos que podem variar em intensidade e duração”, explicou.
Caso a previsão do Inmet para a volta das chuvas se consolide, 2024 ficará empatado com a pior seca registrada no DF. Um pouco à frente de Brasília está Belo Horizonte, que ontem atingiu a marca de 145 dias sem chuva
Becker destaca que a seca pode trazer impactos variados, tanto para o ecossistema quanto para os municípios que passam por esse período. “Durante a seca, podemos sofrer perdas de colheitas. O que acontece com o café? O café sofre muito com a falta de água. Então você terá uma perda ou diminuição de colheita no mínimo. E aí, mais tarde, você terá um eventual aumento de preço”, disse.
Seco
Segundo o mestre em engenharia ambiental, a seca é um evento mais abrangente e complexo. Envolve não só a falta de precipitação, mas também considera o impacto das condições meteorológicas, do solo e da procura humana nos recursos hídricos. “Uma seca pode ser causada por secas persistentes, mas também por outros factores como altas temperaturas, elevada evaporação, baixa humidade relativa, entre outros”, sublinhou.
Na medição feita pela Defesa Civil do Acre, hoje, às 6h, o Rio Acre, apesar de ter se mantido estável, ainda estava com 1,28 metro de profundidade. Este é o 2.º nível histórico mais baixo, atrás apenas de setembro de 2022, quando registou 1,25m. Além do rio Acre, o Serviço Geológico Brasileiro (SGB) informou que os rios Madeira, Branco e Solimões estão com os níveis mais baixos desde o início das medições. O rio Madeira, em Porto Velho, por exemplo, atingiu 69 centímetros.
A coordenadora do curso de Ciências Biológicas, Morgana Bruno, da Universidade Católica de Brasília, comenta os prejuízos que a seca pode trazer. “Em períodos de seca você terá danos ali que podem ser a perda total da vegetação. E, posteriormente, quando você perde vegetação, você perde os produtores primários do sistema. Então, desse sistema que tem um produto primário, você tem, na cadeia, todos os outros que dele dependem. E também perde consumidores primários, secundários e terciários”, afirmou.
Morgana diz ainda que, em períodos de seca mais intensa, muitos problemas de saúde relacionados afetam as populações que sofrem com esse fenômeno. “Nesses locais você tem surtos de diarreia, principalmente em crianças, e às vezes tem concentração de uma substância tóxica. Você tem um compromisso quando o ambiente está muito seco. Há alterações climáticas sem alterações na qualidade do ar. Isso faz com que as pessoas tenham crises respiratórias. Tudo isso exige saúde, cobrança do poder público para que a população não sofra.”
*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro
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