O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da celebração, nesta quinta-feira (9/12), da devolução do manto Tupinambá ao Brasil, após três séculos. O artefato indígena está no Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), desde julho do ano passado. A visitação só será possível a partir de 2026, quando o local reabrir. A pedido dos indígenas, porém, Lula falou sobre a possibilidade de a peça retornar à Bahia.
“Acho que hoje é um momento extremamente extraordinário para refletirmos sobre o que aconteceu no nosso Brasil desde o descobrimento deste país, em 1500, com os indígenas”, iniciou Lula. “A volta desse idoso ao Brasil representa a retomada de uma história que foi apagada, uma história que precisa ser contada e preservada”, acrescentou durante a cerimônia.
Anteriormente, o presidente, junto com a primeira-dama, Janja Lula da Silva, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, visitaram o manto Tupinambá, que está guardado na biblioteca do museu. “Para nós é um trabalho artístico de rara beleza, mas para os Tupinambás é uma entidade”, comentou.
“Ele (o manto) está no Museu Nacional, mas espero que todos entendam que não pertence aqui. Tenho certeza que teremos a compreensão do nosso governador da Bahia, que me disse que também é Tupinambá. Ele tem a obrigação e o compromisso histórico de construir um lugar na Bahia que possa receber esse manto e preservá-lo para que não se estrague”, declarou Lula.
Os Tupinambás já haviam publicado um manifesto, na última segunda-feira (9/9), pedindo a volta do manto à Bahia, terra de origem dos Tupinambás. Para isso é necessário ter um local com a infraestrutura de cuidados que o manto necessita, pois tem cerca de 400 anos.
História do manto
O manto Tupinambá ficou no Museu Nacional da Dinamarca, onde permaneceu por 335 anos. A peça retornou ao Brasil em julho do ano passado e foi resultado da cooperação entre instituições dos dois países, incluindo o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e os respectivos museus nacionais, além de lideranças Tupinambá.
A peça de 1,20 metro de altura e 80 centímetros de largura é feita com penas de aves guará e também penas de papagaios, araras azuis e amarelas. Teria sido levado para a Europa pelos holandeses, por volta de 1644, e foi doado aos dinamarqueses em 1689, que possuem outros quatro mantos como este em seu acervo. Há também outras peças como esta na Itália, Suíça, Bélgica e Dinamarca.
Desde que chegou ao Brasil, o manto está numa sala da Biblioteca Central do Museu Nacional preparada para garantir sua preservação. Nesta semana, cerca de 170 Tupinambás foram autorizados a ir ao local para ver o artefato, assim como fez hoje o presidente da república. Porém, o público em geral só poderá ver a peça a partir de 2026, quando o museu for reaberto.
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