O uso da imunoterapia associada à quimioterapia tem aumentado a expectativa de vida de pacientes com câncer de mama triplo negativo, consideradas de alto risco. Este tumor é um dos mais desafiadores porque não responde ao tratamento convencional. No Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (Esmo), que termina hoje em Barcelona, na Espanha, um estudo mostrou melhora na sobrevida de mulheres com doença em estágio inicial que realizaram tratamento combinado antes da cirurgia e depois continuaram com imunoterapia .
Em cinco anos, 86,6% dos pacientes desse grupo estavam vivos, contra 81,2% daqueles que receberam apenas quimioterapia e ressecção do tumor. “Os dados finais de sobrevida global do estudo Keynote-522 representam alguns dos resultados mais significativos observados no tratamento do câncer de mama inicial”, disse, em nota, Carmen Criscitiello, do Instituto Europeu de Oncologia de Milão, Itália, comentando sobre os dados.
Segundo o médico, os resultados mostram que, para um grupo de pacientes, o regime de quimioterapia e imunoterapia pode mudar a forma como os tumores de mama triplo-negativos são tratados. O estudo de fase 3 avaliou a eficácia da imunoterapia com pembrolizumab (keytruda) combinada com quimioterapia num grupo de 784 mulheres. Outros 390 foram submetidos ao tratamento padrão.
Perfil
Existe um perfil de mulheres que podem se beneficiar. “Em pacientes com câncer de mama triplo negativo, quando o tumor é localizado, maior que 2cm centímetros ou se há doença nos linfonodos axilares, a imunoterapia com pembrolizumabe associada à quimioterapia aumenta a chance de não haver mais tumor visível no cirurgia”, descreve o oncologista Daniel Musse, da Oncologia D’Or e pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.
Musse, que participa no congresso em Barcelona, destaca que o estudo foi apresentado na sessão presidencial, onde se esperam os resultados mais significativos da investigação oncológica. “O keynote-522 revelou que esse tratamento oferece grandes chances de os pacientes sobreviverem e permanecerem curados”, completa. Alessandra Curioni-Fontecedro, diretora de oncologia do Hospital de Freiburg, na Suíça, destacou que o tratamento combinado prepara o tumor para responder à imunoterapia. “O câncer não parece ser sensível apenas à imunoterapia. Mas combiná-la com quimioterapia antes da cirurgia e administrá-la depois melhora a sobrevivência de muitos pacientes”.
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