Além de ser prejudicial à saúde humana e à biodiversidade dos biomas brasileiros, a propagação de queimadas no país é considerada prejudicial à produção agrícola. O setor alimentar já começa a estudar os impactos da seca prolongada em grande parte do território nacional no preço de produtos como abacate, açúcar, carne, frango, legumes, laranja, limão, leite e derivados, que são alguns exemplos dos alimentos mais vulneráveis.
Ainda não é possível mensurar o impacto que as queimadas terão na inflação alimentar neste ano. Contudo, as previsões indicam que a devastação das plantações e pastagens deverá reduzir a oferta de produtos, o que, consequentemente, pressiona a inflação.
Na opinião do empresário Gustavo Defendi, que atua no setor de cestas básicas há cerca de 20 anos, as proteínas devem ser uma das mais afetadas pelo cenário adverso. Desde 2004, as carnes são isentas de PIS/Cofins e, segundo cálculo recente do Ministério da Fazenda, a carga tributária sobre esses produtos gira atualmente em torno de 12,7%.
Apesar da alíquota zero, a pressão inflacionária gerada pelos incêndios pode aumentar os preços da carne, segundo o especialista. “A alíquota zero ajudou a segurar temporariamente os preços da carne, mas com a devastação das áreas de pastagens, o aumento dos custos de produção poderia superar esse benefício e refletir no preço final ao consumidor”, avalia Defendi.
Destruição de áreas de pastagem
Para o empresário, a situação da carne é ainda mais preocupante do que a de outros alimentos, devido à destruição de diversas áreas de pastagens, o que afeta diretamente a produção de carne bovina, suína e de frango.
Para o especialista, políticas mais eficazes de prevenção e combate a incêndios, além de incentivos à gestão sustentável das áreas de produção, são as soluções mais viáveis para o problema. Vale ressaltar que os preços dos cortes dianteiro e traseiro da carne bovina foram deflacionários no período entre janeiro e agosto de 2024, em -1,10% e -1,78%, respectivamente.
“A fiscalização de queimadas ilegais e o uso de tecnologias agrícolas avançadas para aumentar a resiliência das pastagens são formas sugeridas para mitigar os efeitos da crise. O desmatamento desenfreado e as queimadas descontroladas afetam negativamente a fertilidade do solo, a disponibilidade hídrica e o equilíbrio climático, afetando os custos de produção”, aponta Defendi.
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