No Brasil, mais de 15 milhões de cidadãos têm alguma deficiência. São pessoas que viveram incontáveis anos de luta e invisibilidade. Com o objetivo de transformar o panorama da sociedade, na semana que marca o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência (21 de setembro), a TV Globo exibe, nesta segunda-feira (23/9), o especial Linhas de acessoapresentado pela jornalista Flávia Cintra, com direção artística de Patrícia Carvalho, direção de Pedro Henrique França e Daniel Gonçalves e roteiro de Malu Vergueiro.
O especial trará mais acessibilidade à exposição. Além de abordar o assunto na programação, o conteúdo poderá ser consumido por todos, pois, além da opção Closed Caption, disponível em 100% da programação, haverá opção de audiodescrição, complementando o compromisso semanal de mais mais de 30 horas de conteúdo com função de grade e recurso de Libras, cumprindo plenamente seu papel de ser um conteúdo totalmente acessível para todos os nossos telespectadores.
Inspirada no lema da ONU, “Nada sobre nós, sem nós”, a diretora artística Patrícia fez questão de montar uma equipe diversificada e pronta para contribuir com muito ensinamento para o especial, que tem como missão ser didático e provocativo, gerando identificação, reflexão e transformação no público.
A busca da gestão por um grupo diversificado, com quem pudessem ter trocas constantes, foi decisiva para que este projeto acontecesse. Dessa forma, antes mesmo do especial ser exibido, a diversidade levou toda a equipe envolvida a um rico aprendizado, que se refletirá nas telas, num produto autêntico pela abordagem original do tema e pelo envolvimento dos consultores que participou de sua concepção. .
Falta de alfabetização
É comum observarmos uma narrativa sobre pessoas com deficiência focada no sentimento de pena e na ideia de superação. Este é um ponto citado por quase todos os profissionais envolvidos no projeto, dado o que se vê nas produções audiovisuais, nas informações sobre o universo das pessoas com deficiência ou na fala cotidiana. “No dia a dia as pessoas não sabem falar e, na tentativa de não serem rudes, procuram palavras para amenizar sua deficiência. Portadora, especial ou frases como: nem parece, mal dá para perceber, são usadas para se dirigir a uma pessoa com deficiência. O que nos falta, como sempre diz nossa roteirista Malu Vergueiro, é alfabetização, saber o que dizer, entender quais situações e palavras fortalecem. Acho que, assim como eu, as pessoas sem deficiência vão perceber que achavam que eram agradáveis, mas na verdade eram ofensivas. Não queremos deixar essas pessoas sem palavras. Queremos ser didáticos e não há ninguém melhor do que as próprias pessoas com deficiência para nos ensinar”, afirma Patrícia.
Pode parecer banal, mas a importância de trocar e ouvir a equipe foi um dos pontos que chamou a atenção do diretor Daniel Gonçalves, em sua primeira experiência no projeto. Os profissionais com quem Daniel trocou ao longo do caminho estiveram à disposição para suas ideias e escolhas. Além de dirigir, ele também atuou e destaca ainda a inovação do especial, que traz uma nova perspectiva à forma de retratar o grupo de pessoas com deficiência.
“As trocas com todos foram muito boas, num local onde houve muita escuta das pessoas fisicamente aptas da equipe. Patrícia Carvalho deu-me toda a liberdade para propor e criar as experiências que dirigi e ainda me convidou para dirigir cenas que não estavam inicialmente planeadas. Estávamos muito sintonizados e comprometidos em fazer dar certo. Este será um programa inovador pela forma como serão retratadas as pessoas com deficiência, evitando os estereótipos do coitado ou do arauto da superação. Nós, pessoas com deficiência, somos o grupo mais sub-representado de todos. A deficiência atravessa todos os outros grupos. Há mulheres com deficiência, indígenas com deficiência, pessoas LGBTQIAPN+ com deficiência, pessoas negras com deficiência, jovens e idosos com deficiência. E todos esses grupos estarão representados de alguma forma no especial”, destaca Daniel.
Dividindo a direção com Daniel, Pedro Henrique França traz sua expertise para a obra. Além de diretor, ele também escreve os esquetes de humor do especial e trabalha ao lado dos atores Letícia Colin e Eduardo Sterblitch, em participação especial, e do diretor Daniel Gonçalves.
Pedro acredita na dramaturgia como um poderoso instrumento na formação de pessoas que, assim como ele, encontram neste canal uma fonte de aprendizado e transformação. “Posso dizer que minha experiência foi completa em vários aspectos. Fiz parte da equipe de criação do formato, assino e dirijo o grupo de esquetes, nossa célula de dramaturgia dentro do ‘Falas’, além de atuar em um deles. Me emocionei diversas vezes no set dirigindo tantos atores com deficiência. Dirigir Daniel como ator foi maravilhoso. A moeda ainda não caiu, confesso. Parecia um sonho tão intangível. E de repente lá estava ele, sendo realizado. Foi lindo. Desde o início, quis que fôssemos leves. A dramaturgia tem um papel historicamente muito importante. Eu me formei e ainda me formo nisso. É importante abrirmos o canal de comunicação. Estamos na maior emissora do país. Por mais que nós, pessoas com deficiência, estejamos no mundo desde que ele existe, a palavra capacitismo, nome dado ao preconceito contra as pessoas com deficiência, ainda está muito distante do vocabulário popular. E ainda está muito longe da dramaturgia e do audiovisual como um todo. Demos um passo muito importante nesse sentido”, reforça.
Anti-capacidade
Escolhido para ser o apresentador do Linhas de acessoA repórter do Fantástico Flávia Cintra há 14 anos contribui com o projeto pelo seu envolvimento na causa anticapacidade e pela experiência de vida ao longo dos anos, com domínio das leis, da história, das pessoas, dos aspectos, das discussões e das polêmicas que cercam o assunto. Patrícia destaca a liderança de Flávia, representada por muita leveza, paciência e propriedade no manejo das situações enfrentadas.
“Seu conhecimento vem de anos de experiência, de muitos debates, leituras, ciclos e de um número exponencial de experiências fora e diante do vídeo. A Flávia tem uma característica que considero essencial para quem quer ser um bom comunicador. Ela escuta para entender o que a pessoa quer dizer mesmo quando se depara com uma tese errada. Com essa tática, ela entende onde está o “buraco”, quais informações aquela pessoa precisa para entender o seu ponto de vista. Ela tem uma frase muito boa, entre muitas: “Às vezes quero construir uma rampa no cérebro das pessoas”. Acho que ela nem percebe, mas já faz”, diz Patrícia.
Para Flávia foi preciso esconder a emoção ao receber o convite para o especial. Ao participar de uma reunião de conteúdo a pedido de Patrícia, o apresentador percebeu o empenho da equipe em encontrar uma forma melhor de incluir representatividade no projeto, e logo se sentiu parte do grupo, mas a notícia ainda foi uma surpresa muito agradável. -chegando. “Conheci a equipe de consultores, as equipes de produção e redação em uma reunião de conteúdo, a convite da Patrícia, e me senti parte da equipe logo nos primeiros minutos. Foi ótimo ver o cuidado tomado para garantir a representatividade dos profissionais com deficiência em todas as camadas de trabalho. Contamos com pessoas com deficiência na consultoria, direção, produção de conteúdo e protagonismo em todos os momentos do programa. O convite veio depois daquele encontro e foi uma surpresa que me encheu de orgulho. Isso me deu frio na barriga, mas tentei fingir que estava acostumada e aceitei na hora”, diz ela.
Sem piedade
O apresentador espera que o público se conecte e se emocione ao assistir, sem um tom piedoso. Ela também acredita que o especial abre caminho para outras edições do projeto e o considera um passo importante para a TV Globo avançar no desenvolvimento inclusivo, dentro e fora da empresa. “Quando o espectador assistir, não será aquela emoção piedosa. Virá da identificação, da indignação, do riso, das nuances humanas que serão apresentadas de diferentes formas ao longo do programa, a partir da vida real das pessoas com deficiência, que conta as nossas histórias do nosso ponto de vista. Para quem vive o dia a dia aqui, na TV Globo, fica cada vez mais claro que a diversidade é definitivamente aceita como um valor e que a inclusão entrou na estratégia da empresa por um caminho sem volta. Vejo a empresa refletindo essa mudança acelerada que está acontecendo na sociedade e é nosso papel retratar isso também nos conteúdos que apresentamos ao público. O Linhas de acesso Faz parte de tudo”, diz ela.
Experimentos sociais
Ao longo do programa, o público assistirá a experiências sociais que envolvem questões de preconceito, capacitismo, invisibilidade/experiência de não pertencimento e acessibilidade/exclusão. Em um desses momentos, Flávia Cintra participa da gravação em que um participante é convidado para um restaurante, onde todos são deficientes, menos ele. Numa situação como essa, como você se sentiria? O objetivo é aproximar a população do sentimento de exclusão das pessoas com deficiência diante de tanto desrespeito aos seus direitos e tanta indiferença por parte da população.
Segundo a roteirista Malu Vergueiro, além do didatismo, a identificação foi uma das premissas na hora de finalizar o conteúdo do programa. “A ideia é que o público se reconheça em determinadas falas e situações do cotidiano, que serão reproduzidas não só em experimentos sociais, mas em outros momentos do especial. Queremos que as pessoas cheguem ao final do programa com muito aprendizado. “Então é errado dizer que as pessoas com deficiência são especiais? Eu não sabia, mas agora entendi…”, conta Malu.
Humor
Também serão apresentados esquetes humorísticos. Com roteiro de Pedro Henrique França e participação de Letícia Colin e Eduardo Sterblitch, além do próprio Pedro e do diretor Daniel Gonçalves, entre outros atores com deficiência, o público poderá refletir sobre situações cotidianas das pessoas com deficiência em eventos, como boates e casamentos, assim como em um ambiente corporativo. “Ter Letícia Colin e Eduardo Sterblitch, dois gênios que admiro muito, atuando ao lado de todos os atores com deficiência, inclusive eu, foi quase surreal. Mas foi real e ainda tenho dificuldade em acreditar que conseguimos. Colocar estes corpos juntos no palco é agitar o audiovisual para mostrar que isso é possível, que isso é necessário e que não precisamos de atores sem deficiência para representar as nossas experiências. Nossas histórias estão sendo escritas, dirigidas e estreladas em primeira pessoa neste programa. Isto é radicalmente revolucionário”, revela Pedro.
Sobre o projeto ‘Falas’
Linhas de acesso é o quarto especial do Projeto Falas, série de especiais que abordam os principais acontecimentos do ano na programação da TV Globo, alinhados à jornada ESG da empresa. O primeiro foi linhas femininasexibido no Dia da Mulher, o segundo, Você fala da terraapresentado no dia 15 de abril em comemoração ao Dia dos Povos Indígenas (19 de abril), e o terceiro, Você fala sobre orgulhofoi ao ar em 21 de junho. Mais dois programas estão previstos para ir ao ar em datas sociais em comemoração ao Dia do Idoso (1º de outubro) e ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro).
O especial tem direção artística de Patrícia Carvalho, direção de Pedro Henrique França e Daniel Gonçalves, roteiro de Malu Vergueiro, produção de Natália Daumas e Rebecca Dias e direção de gênero de Mariano Boni. O especial tem como consultores Camila Alves, Haonê Thinar, Priscila Siqueira, Léo Castilho, Pedro Fernandes, Clara Kutner, Wanderley Montanholi, além dos diretores Daniel Gonçalves e Pedro Henrique França, e do influenciador Ivan Baron. O especial será exibido logo após o estrela da casa.
*Com informações da CGCom
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
consultar proposta banco pan
blue site
cartao pan consignado
juros consignados inss
empréstimo banrisul simulador
cnpj bk
o que significa consigna
banco consignado
emprestimos no rio de janeiro
simulados brb
juro consignado