A segunda temporada do Festival Superjazz encerra suas atividades nesta quarta-feira (25/9) com destaque para as mulheres no cenário musical. O jardim do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) será palco de celebração do jazz e da música afro-brasileira. No programa de encerramento, o festival abrirá com DJ Dudão e Histórias do Jazz ao pôr do sol, seguido da Rádio Superjazz, com Dudão e DJ Mario Sartô. A dupla explora um programa de rádio com a dinâmica do DJing de vinil com muito humor e conhecimento musical. A Feira Tropicália também estará presente com vendas de vinis para os amantes de biscoitos.
Em seguida, a guitarrista e compositora Marlene Souza se apresentará em trio, com Anco Marcos no baixo e Sydney Campos na bateria. Marlene antecipa um repertório que mistura composições originais com releituras de obras consolidadas. O grupo Her Jazz encerra a noite de quarta-feira com muito jazz e música brasileira. Criada por Miriam Marques e Paula Zimbre, a banda é formada exclusivamente por instrumentistas femininas. A guitarrista Ingrid Lobo é convidada a subir ao palco ao lado dos músicos para celebrar a presença feminina na música.
Entusiasmada com o destaque feminino no evento, Marlene vem de uma geração em que havia pouca visibilidade para mulheres instrumentistas. A evolução da cena brasiliense é um fator positivo, na opinião do violonista, que acolhe cada vez mais mulheres musicistas. “É muito bom participar desse encerramento e mostrar que as mulheres estão vivas na música”, afirma Marlene.
O violonista ressalta que o espaço do CCBB é extremamente democrático e há pessoas de todas as idades entre os frequentadores. Apresentar o instrumental do trio em espaço aberto permite que Marlene tenha acesso às emoções do público: “Nossa intenção é manter a liberdade e a diversão no show. Muitos ouvintes já me disseram que a música os lembrava dos sentimentos e da alegria da infância.” A performance será dividida entre momentos de dança e momentos de contemplação.
Idealizadora do Her Jazz, Miriam reuniu os artistas do grupo após apresentações conjuntas e individuais em bares de Brasília. Ela acredita que uma banda formada apenas por mulheres não deve ser um diferencial porque ninguém se surpreende com uma banda formada apenas por homens. Nascida no Nordeste, Miriam carrega as influências da região em suas composições e abre espaço para que cada um dos integrantes também musicalize suas essências individuais, o que gera uma grande mistura de estilos.
A artista observa que muitos homens que vão aos shows comparecem para conferir se os músicos tocam ‘de verdade’. “Ninguém questiona quando os homens estão tocando ou improvisando, mas as mulheres são constantemente subestimadas”, lamenta. Os estudos musicais das integrantes são sempre atualizados para atender aos padrões sexistas da indústria e a maior recompensa para a criadora é a parceria de suas companheiras.
A tradição e a inovação do jazz conciliam-se nas composições originais do artista. A contemporaneidade abre espaço para o processo criativo de Miriam. “Muitas compositoras permaneceram anônimas porque não tinham reconhecimento. Atualmente temos este local. Nosso repertório é composto por bossa nova, jazz instrumental e também músicas atuais”, explica.
Com foco na diversidade e inclusão, Miriam defende que o Superjazz se destaca na representatividade feminina: “A gente luta muito, mas a maioria dos line-ups dos festivais só tem homens. Temos que lutar por esse espaço, que pode nos adoecer.” A artista incentiva as mulheres do setor a continuarem lutando pela visibilidade, por mais desgastante que seja.
Serviço
Festival de SuperJazz
Nesta quarta-feira (25/9), a partir das 17h, no CCBB. Entrada gratuita mediante levantamento de bilhetes no local
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