Stephanie Lourenço está no documentário Paquitas para sempreda Globoplay. Na produção, a curitibana reflete sobre sua trajetória como assistente de Xuxa aos 12 anos e fala como foi enfrentar a LGBTfobia nos bastidores do Projac em seu último ano como Paquita. Mas ele também fala sobre o apoio que recebeu dos fãs quando se assumiu, 20 anos depois. “Realizei meu sonho de infância, trabalhei ao lado da Xuxa, fiz amigos para a vida toda. Me diverti muito nessa aventura maluca que foi ser Paquita. lidar com as crianças e respeitar a nossa infância/pré-adolescência”, declarou Correspondência.
A ex-Paquita começou sua carreira de atriz atuando em filmes Xuxa Requebra, Estrela pop e Xuxa e os duendes. Depois disso, aos 16 anos, foi estudar artes cênicas na Inglaterra. Desde então, realizou diversos cursos, como o Globo Actors Workshop e o estúdio Ivana Chubbuck, em Los Angeles. Seu currículo artístico inclui os longas-metragens Ciclopor Ian SBF, e O último animaldo realizador português Leonel Vieira.
Em breve, Stephanie Lourenço poderá ser vista em Morfina e O Rei da Internetcom estreia prevista para 2025. Atualmente, a artista de 37 anos trabalha no desenvolvimento de seu segundo projeto autoral: um curta-metragem inspirado no processo teatral da peça O que meu corpo nu lhe diz?. A obra abordará a dependência de medicamentos prescritos de forma lúdica.
Entrevista | Stéphanie Lourenço
Você começou a trabalhar aos 12 anos como assistente de palco de Xuxa. O que você ganhou e o que você perdeu? E como foi relembrar momentos da época de Paquita durante a gravação do documentário Paquitas para sempredo Globoplay?
Realizei meu sonho de infância, trabalhei ao lado da Xuxa, fiz amigos para a vida toda. Me diverti muito nessa aventura maluca que foi ser Paquita. Acho que o lado negativo foi ter que trabalhar num ambiente hostil e despreparado para lidar com as crianças e respeitar a nossa infância/pré-adolescência. Relembrar os momentos foi importante para mim. Revisite, reformule. Mas o mais legal foi reencontrar colegas da minha geração e também criar novos laços com mulheres incríveis das gerações mais antigas. Porque compartilhamos uma história, e isso é algo muito poderoso.
Durante seu trabalho com Xuxa, você fez vários filmes com ela. Quando você realmente descobriu que queria ser atriz e se dedicar à carreira? E o que você aprendeu como Paquita que ajuda de alguma forma na sua interpretação?
Sempre quis ser atriz, desde muito pequena, mas me apaixonei pela idealização da profissão. Com o tempo você descobre o que o trabalho realmente significa, o quão profundo (e muitas vezes frustrante) ele é – e pelo menos para mim ele se tornou muito mais atrativo do que aquela ideia superficial e vã que eu tinha. Fazer os filmes quando criança me fez querer estar naquele ambiente de set de filmagem, por mais árduo que seja. Eu adoro filmar. Acho que a disciplina rígida acabou me ajudando muito até hoje.
Você tem um currículo com vários filmes e peças de teatro. Você pensa em trabalhar na TV, fazer novelas?
Trabalho de acordo com as oportunidades que surgem. Acho que seria muito legal fazer uma novela, mas isso não depende só de mim.
Hoje, além de atuar, você também cria e dirige projetos, como um curta-metragem sobre a relação entre humanos e chimpanzés. Como você se inspira para seus projetos autorais?
O curta-metragem Emílio Foi muito inspirado pela minha experiência trabalhando com proteção animal. Meu próximo projeto audiovisual também é baseado em experiências pessoais. Acredito que, ao iniciar esta aventura de roteiro/direção, vou me basear em temas próximos às minhas experiências.
No documentário, você revela as dificuldades de lidar com sua sexualidade naquele momento e, recentemente, durante o processo de uma peça, acabou se assumindo bissexual. Como é hoje poder trazer representatividade para o público que te acompanha desde cedo? E como era a relação com os fãs naquela época?
Estou muito emocionado com as mensagens de apoio que recebo dos fãs. Alguns já saíram, outros estão passando por dificuldades e se sentem seguros para desabafar comigo. Muitos fãs do universo Xuxa e Paquitas fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+ e ficaram muito felizes em saber que alguém, mesmo que retirado naquela época, já fazia parte da sigla. Eles sentem uma conexão comigo e eu com eles. É uma conexão intensa e muito bonita que temos agora. Eu valorizo muito esse relacionamento.
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