A produção da Renault na fábrica de São José dos Pinhais (PR) está suspensa por tempo indeterminado devido a uma greve que já dura 15 dias e não tem data para terminar. A estimativa é que 7,2 mil veículos deixaram de ser produzidos desde o dia 7 de maio até a última sexta-feira (17), quando os metalúrgicos iniciaram a greve. A unidade, conhecida como Complexo Ayrton Senna, é responsável pela produção dos modelos Kwid, Stepway, Kardian, Oroch e Duster.
Em nova reunião do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, nesta terça-feira (21), os trabalhadores decidiram pela manutenção da greve. “O sindicato liberou entre R$ 100 e R$ 1 mil para os associados que aderirem ao fundo de greve, sendo R$ 20 do valor de cada pedido doados ao Rio Grande do Sul”, disse a categoria.
A Renault afirma ter sido surpreendida com o anúncio de greve na fábrica paranaense no dia 7 de maio. Segundo a montadora, foi o início das negociações para o pagamento do PPR (Programa de Participação nos Resultados) 2024.
A proposta era pagar R$ 25 mil a cada trabalhador, com adiantamento da 1ª parcela no valor de R$ 18 mil para uma produção de até 201 mil veículos. Valor superior ao pago em 2023, R$ 23.933,80. A Renault também se ofereceu para contratar 50 operadores para a fábrica em até 20 dias úteis após a aprovação da proposta. A categoria rejeitou e decidiu pela greve imediata.
Na última sexta-feira (17) o TRT-9 (Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região) determinou multa de R$ 100 mil por dia de greve contra o sindicato. Os metalúrgicos exigem maior segurança na linha de produção e aprimoramento da proposta de PLR (Participação nos Lucros) e Base de Dados.
Greve também na fábrica que fornece motores à Renault
O sindicato propõe a contratação de pelo menos um trabalhador ausente por linha de produção e setor, para auxiliar na escalação e diminuir a sobrecarga de trabalho. Segundo a Renault, seriam 300 novos funcionários na fábrica de São José dos Pinhais (PR). Os trabalhadores da Horse, fornecedora de motores da montadora francesa, também continuam em greve.
GM enfrenta impasse com trabalhadores
Em São Paulo, trabalhadores da fábrica da GM (General Motors), em São José dos Campos, rejeitaram nesta terça-feira (21) a proposta de PLR apresentada pela montadora. Nova assembleia será realizada às 14h, com segundo turno, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. A multinacional produz no local os veículos Chevrolet S10 e Trailblazer.
A GM ofereceu PLR de R$ 17.028, valor abaixo do reivindicado pelos metalúrgicos e inferior ao do ano passado. Em 2023, a montadora pagou R$ 18.008, que inclui também o bônus.
Desde o dia 7 de maio, quando os trabalhadores aprovaram em assembleia a agenda de reivindicações, o sindicato já se reuniu quatro vezes com a direção da empresa, mas há um impasse em relação a metas e valores. Uma nova rodada de negociações entre Sindicato e GM está marcada para esta quarta-feira (22). Os trabalhadores exigem, além da PLR maior, que a primeira parcela seja paga em maio.
“Os metalúrgicos da GM não aceitam metas abusivas e rebaixamento de valor. A assembleia de hoje demonstrou que os trabalhadores estão dispostos a lutar”, afirma o vice-presidente do sindicato, Valmir Mariano. (Ana Paula Branco/Folhapress)