O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o Conselho de Segurança das Nações Unidas por não conseguir fazer Israel falar sobre o conflito no Oriente Médio. Ele considera “inexplicáveis” a inação da instituição e a dificuldade de diálogo com o gabinete de Benjamin Netanyahu. Para Lula, o governo israelense “só sabe matar”.
“O que lamento é o comportamento do governo israelita. Honestamente, é inexplicável que o Conselho da ONU não tenha autoridade moral e política para fazer Israel sentar-se à mesa para conversar em vez de apenas saber matar”, lamentou o presidente. , em entrevista no México, onde assistiu à posse da presidente Claudia Sheinbaum —que sucede a Andrés López-Obrador no comando do país.
O governo brasileiro tomou medidas semelhantes no ano passado na Faixa de Gaza e em Israel, quando as hostilidades devido à guerra contra o grupo terrorista Hamas ganharam força. A orientação que os brasileiros receberam dos canais diplomáticos do MRE é que procurem sair do Líbano pelos próprios meios e evitem a região sul do país, onde se concentra o conflito entre Israel e o Hezbollah. Eles também foram aconselhados a evitar multidões e manifestações.
No ano passado, o Brasil não conseguiu aprovar uma resolução no Conselho da ONU sobre o conflito envolvendo Israel e o Hamas. Na época, o voto dos EUA, membro permanente, inviabilizou a aprovação, mesmo após longas negociações da diplomacia brasileira. Outras resoluções apresentadas também fracassaram, seja por votos contra dos americanos ou dos russos, outro membro permanente.
Problema de voo
O avião da FAB em que Lula viajava teve que retornar ao Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, na Cidade do México, após apresentar problema técnico logo na decolagem. A aeronave voou em círculos por aproximadamente quatro horas, para esgotar todo o combustível que carregava.
Para o Correspondênciaa FAB anunciou que, após o desembarque, o presidente pegou outro avião presidencial para retornar a Brasília.
Segurança do corpo diplomático
O Sindicato Nacional dos Empregados do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) encaminhou pedido de urgência à Secretaria-Geral do MRE solicitando “ações imediatas para garantir a segurança dos empregados e seus familiares em missão no Líbano”.
“A principal preocupação do Sindicato é a ausência de um plano de evacuação claro e detalhado, considerado essencial para garantir a integridade dos funcionários do MRE e seus dependentes, que se encontram em zona de conflito”, diz o comunicado.
Outros países começaram a repatriar os seus cidadãos. O governo colombiano, por exemplo, enviou um avião para trazer de volta 144 pessoas que viviam no Líbano. O Canadá ajudou a reservar passagens para voos comerciais que ainda saem do aeroporto de Beirute.
A França anunciou que enviou um navio militar para a costa libanesa como “precaução” caso fosse necessária a evacuação dos seus nacionais. Mais de um milhão de pessoas foram deslocadas pela guerra desde 23 de outubro, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Na guerra do Líbano de 2006, a principal rota de evacuação dos brasileiros foi através de Damasco, capital da Síria. A região, no entanto, é atualmente mais perigosa devido à presença de remanescentes do Estado Islâmico que ainda lutam com as forças do ditador Bashar al Assad.
O MRE, por sua vez, apelou ao fim dos conflitos e destacou que Israel deve parar a escalada militar na região. “Ao reafirmar a defesa do pleno respeito à soberania e à integridade territorial do Líbano, o Brasil insta Israel a cessar imediatamente as incursões terrestres e os ataques aéreos às áreas civis densamente povoadas daquele país”, destaca a diplomacia brasileira. (Com Agência Estado)
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