POR ANDERSON BARRETO MOREIRA* — O momento é de profunda apreensão quanto aos destinos da humanidade. A confluência de dois grandes conflitos colocou o mundo em apreensão relativamente a uma conflagração global. A guerra promovida pelos Estados Unidos e pela NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) contra a Rússia encontra-se num momento decisivo, e é uma questão de tempo até que a Ucrânia sofra não só com a derrota militar, mas com a mudança política que será inevitável com a Vitória russa. No Médio Oriente, Israel e os Estados Unidos traçam no mapa ações que estão a conduzir à guerra total na região. É necessária uma resposta global forte para que o pior cenário não seja o único possível.
O risco de derrota levou os Estados Unidos e os aliados a duplicarem as suas apostas na guerra. A invasão fracassada da região russa de Kursk e a discussão sobre a autorização do lançamento de mísseis de médio e longo alcance propriedade da NATO sobre todas as regiões da Rússia aceleraram mudanças profundas na doutrina sobre a utilização de armas nucleares por Moscovo.
Embora os Estados Unidos e a NATO continuem a afirmar que Vladimir Putin está a fazer bluff, já não é segredo que a Ucrânia está à beira da derrota e crescem os apelos aos aliados para que atuem directamente no conflito. Por outras palavras, um confronto direto que poderá resultar numa guerra nuclear.
Em Outubro de 2023, foi aberta uma nova frente no Médio Oriente. Independentemente de concordar ou não com as acções do Hamas no dia 7 de Outubro, hoje, com o actual genocídio do povo palestiniano levado a cabo pelo terrorista Estado de Israel, isto já não tem lugar. O bombardeamento e o assassinato indiscriminado de civis, especialmente de crianças, e muitas outras cenas chocantes colocaram Israel no banco dos réus da história.
Israel e os Estados Unidos promovem uma dança macabra em que o primeiro foi autorizado a usar todas as suas forças para cumprir a estratégia maior do seu principal aliado: enfraquecer a ascensão de uma nova ordem mundial multipolar. O genocídio do povo palestiniano serve os interesses de Israel do “sonho de um grande Israel” mas, numa camada mais profunda, visa levar todo o chamado “Eixo da Resistência” para uma guerra total na região.
Este “Eixo” tem vindo a consolidar-se desde a tentativa de destruição da Síria em 2011 que, graças ao apoio da Rússia em conjunto com o Irão, o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Palestina, sobreviveu à sua desintegração. Desde então, esta aliança envolvendo estados e entidades não estatais cresceu em força e organização, incorporando forças do Iraque e dos Huthis no Iémen.
A escalada de assassinatos em Israel atingiu o seu auge com o atentado bombista em Beirute que matou Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, no final de Setembro e este facto pode ter selado uma mudança estrutural no desenrolar da transição de poder no século XXI. A escalada de Israel contra o Irão, através de assassinatos e ataques a líderes da resistência, não foi suficiente para arrastar os iranianos para uma guerra total.
A prudência iraniana de não provocar uma guerra aberta foi interpretada como fraqueza e encorajou os israelitas e os americanos a avançarem com a estratégia de levar o Irão ao confronto directo. Isto colocaria a Rússia, a China e outros países da Organização de Cooperação de Xangai e os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) num cenário sombrio dada a necessidade de defender o Irão, membro destas organizações.
Após tentativas fracassadas de cessar-fogo na região, a resposta iraniana de terça-feira era praticamente inevitável, pois o preço que pagaria política e militarmente se não o fizesse seria
muito alto. O Irão demonstrou que tem capacidade para infligir danos graves a Israel. A resposta israelita promete ser dura e, se ocorrer, entraremos numa espiral de incerteza. A retirada não parece estar no horizonte para nenhuma das partes.
Será necessária uma ampla força social global para denunciar os crimes de guerra de Israel e dos Estados Unidos e o risco de que a sua estratégia resulte numa guerra total e, talvez, nuclear, cujo único objectivo é evitar a perda do seu poder global.
* Professor de história, mestrando em história pela UFRGS e pesquisador do Instituto Front, radicado em Porto Alegre (RS)
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