Israel intensificou a sua campanha militar com ataques massivos contra alvos suspeitos do movimento islâmico Hezbollah nos subúrbios ao sul de Beirute, no Líbano. O atentado de ontem (6/10), considerado o mais forte até hoje pelos libaneses, ocorre em meio à escalada das tensões com o Irã, que promete retaliar em caso de retaliação israelense na região. A ofensiva também é ampliada com o marco simbólico de um ano desde o ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, que deu início a uma nova fase da guerra em Gaza.
Segundo a agência oficial libanesa NNA, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram mais de 30 bombardeamentos em Beirute, considerada um reduto do Hezbollah. Os ataques tiveram como alvo depósitos de armas e posições estratégicas da milícia, que atua como aliada próxima do Hamas. “Aviões de guerra inimigos lançaram dois bombardeios contra os subúrbios do sul. O primeiro teve como alvo a área de Santa Teresa e o segundo, a área de Burj al Barajneh”, destacou o veículo.
As IDF alegaram ter realizado “ataques de precisão contra terroristas do Hamas” que estavam em locais de comando e controlo localizados em escolas no centro de Gaza, justificando que o grupo operava numa instalação que anteriormente era uma mesquita. Por seu lado, o Hamas rejeita as acusações de que utiliza instalações civis, como escolas, hospitais e mesquitas, para fins militares.
O Exército israelense também anunciou que vários foguetes disparados do norte de Gaza cruzaram para o sul de Israel ontem (6/10). “Vários projéteis foram detectados cruzando o norte da Faixa de Gaza em direção ao território israelense. Um projétil foi interceptado e o restante caiu nos campos”, afirmou o Exército em comunicado. As forças de Netanyahu afirmaram estar em alerta máximo e adotaram medidas de segurança em todo o país, alegando que o Hamas costuma atacar em “datas simbólicas”.
Entretanto, na Faixa de Gaza, a situação continua crítica. As FDI anunciaram que “cercaram” a região de Jabaliya, a norte de Gaza, onde acreditam que o Hamas está a reagrupar as suas forças. As autoridades de saúde locais relataram mais 17 mortes, incluindo nove crianças, devido aos bombardeamentos que atingiram uma mesquita convertida num abrigo para pessoas deslocadas. Em Deir al-Balah, outro ataque deixou 26 mortos, evidenciando a gravidade da situação humanitária no território.
O número de mortos em Gaza atingiu 41.870 desde o início da guerra, a maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde palestino. No Líbano, o início de um novo ano letivo foi adiado para 2 de novembro, numa tentativa de proteger a comunidade escolar. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que estava lutando em sete frentes – a República Islâmica do Irã; Hamas, em Gaza; Hezbollah, no Líbano; Houthis, no Iêmen; o governo sírio e as milícias do país; Grupos xiitas no Iraque; e organizações militantes na Cisjordânia – e prometeu derrotar os “inimigos”. “Juntos lutaremos e juntos venceremos”, declarou, durante visita às tropas no norte de Israel, na fronteira com o Líbano.
Ameaças diretas
O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, lançou este domingo ameaças diretas contra o Irão, sublinhando que a resposta a qualquer ataque poderá ser semelhante à intensidade das operações em Gaza e no Líbano. Para Samira Adel Osman, professora de história asiática da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisadora de estudos do Oriente Médio no Brasil, não há mais limites que Israel possa alcançar em suas ações.
“O ataque à Embaixada do Irão na Síria, o assassinato de Ismael Haniey, os ataques aos pagers, os atentados bombistas em Beirute com o assassinato de Nasrallah, os 365 dias em Gaza demonstram que as acções de Israel exacerbaram qualquer ideia de limites, ética ou moralidade na guerra”. Segundo o especialista, Israel decidiu por uma guerra total e quer a todo custo arrastar o Oriente Médio para esta ação “desenfreada e louca”. “O que justifica a continuação dos ataques ao Líbano e a Beirute? Os ataques nocturnos têm a clara intenção de causar terror psicológico entre a população civil”, acrescenta.
A resposta do Hezbollah não demorou a chegar. O grupo anunciou o ataque a uma unidade do Exército israelense e lançou foguetes na região de Manara, no sul do Líbano, na costa do Mar Mediterrâneo. Netanyahu visitou tropas na fronteira com o Líbano, enfatizando a sua determinação em manter as operações. Num discurso aos militares, declarou que o Hamas foi derrotado e que o Hezbollah sofreu perdas significativas sob a sua liderança. “Esta é uma guerra longa, que não é medida apenas pelas capacidades, mas também pela força de vontade e perseverança ao longo do tempo”, disse ele.
A escalada das hostilidades também se estende à Síria, onde as defesas antiaéreas interceptaram “alvos inimigos”, uma expressão frequentemente utilizada para se referir aos ataques israelitas. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos relatou explosões na região de Homs, resultantes de bombardeamentos israelitas contra depósitos de armas ligados ao exército sírio.
O movimento islâmico libanês afirmou ter lançado drones explosivos contra uma base militar israelense e atacado outra, perto da cidade de Haifa, no norte do país, neste domingo (6/10). O grupo islâmico pró-iraniano afirmou num comunicado que os combatentes lançaram “um esquadrão de drones explosivos contra a base de manutenção e reabilitação ao sul de Haifa”, a principal cidade do norte de Israel.
Desaprovação mundial
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, afirmou que Washington não reduzirá a pressão sobre Israel para chegar a um entendimento sobre os reféns e a situação humanitária na Faixa. As Nações Unidas (ONU) e outras entidades internacionais manifestaram preocupação com os conflitos, tal como o Papa Francisco, que apelou a um cessar-fogo imediato em todas as frentes.
A pesquisadora Samira Adel Osman acredita que há uma corrente contra Israel se formando no Brasil e no mundo. “Nunca houve apoio público como agora. Os ataques indiscriminados ao Líbano deixaram claro que a intenção de Israel nunca foi libertar os reféns. As próprias famílias dos reféns denunciam isto. Ou o mundo acaba com esta insanidade ou veremos o Médio Oriente mergulha num caos profundo”, alerta.
Ainda ontem, manifestantes pró-Palestina protestaram contra a campanha militar de Israel em todo o mundo, de Jacarta a Istambul e Rabat. (veja fotos acima)após protestos nas principais capitais europeias e americanas no sábado.
Duas perguntas para…

(foto: arquivo pessoal)
Como a postura internacional influencia as ações de Netanyahu?
Israel já age sem controle e sem considerar a opinião de ninguém. O desrespeito pelo direito internacional, pelas convenções da ONU, pelas normas humanitárias demonstra que Israel assumiu que o Ocidente lhe dava o direito de matar, exterminar, destruir, eliminar qualquer nação, qualquer opinião, qualquer liderança que se oponha aos seus planos que já o chama de ” Novo Oriente Médio.” Atacar as instalações nucleares iranianas pode ser a última linha a ser ultrapassada pela insanidade de Netanyahu. Israel está apostando todas as suas fichas em arrastar o Irão para a guerra.
Se o Irão conseguir fabricar uma bomba atómica, qual será o impacto na política do Médio Oriente?
O Irão tem todas as possibilidades de produzir a bomba atómica. Os impactos seriam mundiais porque uma das possibilidades é o Irão atacar regiões produtoras de petróleo em países vizinhos. As consequências seriam catastróficas, muito maiores do que a crise do petróleo das décadas de 1970, 1980 e 1990.
Samira Adel Osman, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisadora de estudos do Oriente Médio
Como a postura internacional influencia as ações de Netanyahu?
Israel já age sem controle e sem considerar a opinião de ninguém. O desrespeito pelo direito internacional, pelas convenções da ONU, pelas normas humanitárias demonstra que Israel assumiu que o Ocidente lhe dava o direito de matar, exterminar, destruir, eliminar qualquer nação, qualquer opinião, qualquer liderança que se oponha aos seus planos que já o chama de ” Novo Médio Oriente.” Atacar as instalações nucleares iranianas pode ser a última linha a ser ultrapassada pela insanidade de Netanyahu. Israel está apostando todas as suas fichas em arrastar o Irão para a guerra.
Se o Irão conseguir fabricar uma bomba atómica, qual será o impacto na política iraniana?
Médio Oriente?
O Irão tem todas as possibilidades de produzir a bomba atómica. Os impactos seriam mundiais porque uma das possibilidades é o Irão atacar regiões produtoras de petróleo em países vizinhos. As consequências seriam catastróficas, muito maiores do que a crise do petróleo das décadas de 1970, 1980 e 1990.
EU PENSO…
Não é de surpreender que o Aiatolá (Líder Supremo do Irão) tenha feito uma declaração afirmando que Israel não durará muito, o que se destina a servir fins internos, especialmente porque o segundo ataque do Irão a Israel também não causou danos graves ou vítimas. É certo que ele celebraria o ataque do Hamas a Israel em 7 de Outubro, uma vez que o Irão deu grande apoio ao Hamas. Além disso, o Hamas foi e ainda é, até certo ponto, membro do chamado Eixo da Resistência, que inclui o Hezbollah, treinado e armado pelo Irão. O Irão certamente não esperava que a retaliação israelita contra o Hamas fosse de tal magnitude que fosse discriminatória, embora continue a ser um forte movimento de resistência.
Alon Ben-Meir, professor de relações internacionais na Universidade de Nova York
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