Candidatos a prefeito de São Paulo que avançaram ao segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol) apostam na polarização para vencer nas urnas, no dia 27. O atual prefeito confia no apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto o deputado federal conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista ao programa UOL Notícias, Nunes afirmou que o apoio de Bolsonaro “pode vir” e que é muito importante, assim como foi no primeiro turno. Questionado se a participação do ex-chefe do Executivo na campanha não foi muito tímida, atribuiu o facto à sua agenda lotada.
“Ele (Bolsonaro) fez campanha em vários lugares, agora terá mais tempo para participar. O meu vice (Mello Araújo, do PL) é indicado por ele”, argumentou. Por sua vez, o ex-presidente afirmou, no domingo, após a votação, que apoiaria “qualquer um” para derrotar o candidato apoiado pelo PT.
Nunes destacou ainda a importância do apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Tarcísio é um grande parceiro, não só na campanha, mas nas ações que fizemos antes”, comentou. Outro aval conquistado pelo candidato à reeleição é o do Partido Novo, anunciado nesta segunda-feira pela candidata derrotada à prefeitura do partido, Marina Helena.
Boulos, por sua vez, continua confiando na força política de Lula para garantir votos no segundo turno. “Tenho muito orgulho de contar com o apoio determinado do presidente Lula, que conseguiu conciliar sua atuação como presidente da República com uma forte participação em nossa campanha de primeiro turno. Não sei se meu adversário vai se orgulhar de seu padrinho Jair Bolsonaro”, disse ele, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira. Acrescentou que deverá alinhar a sua agenda com a do Chefe do Executivo para voltar a contar com a sua presença nos comícios.
Além disso, Boulos argumenta que 70% da população paulista votou pela mudança, mesmo em candidatos diferentes – Nunes teve cerca de 30% dos votos. “São Paulo está, hoje, diante de um risco e de uma oportunidade. Corre o risco de cair nas mãos do bolsonarismo, de ver o crime organizado penetrar, mais uma vez, em todos os contratos públicos municipais. por um ‘pau’ do Centrão, que é o atual prefeito”, criticou.
Outro ponto destacado por Boulos é a igualdade de horário no horário eleitoral gratuito, transmitido pelas emissoras de televisão, que será retomado na sexta-feira. Segundo ele, o tempo que teve no primeiro turno foi apenas 1/3 do que Nunes teve. “Agora a cidade vai poder comparar cada um. Não tenho dúvidas que vamos crescer nestas três semanas”, frisou.
Até o momento, apenas a candidata derrotada Tabata Amaral (PSB) declarou apoio a Boulos no segundo turno. A deputada federal destacou, após o resultado do primeiro turno, que os votos que recebeu foram os responsáveis por não permitir o avanço de Pablo Marçal (PRTB) – o candidato estava a 57 mil votos de chegar a Boulos.
O também candidato derrotado José Luiz Datena (PSDB) disse que não deveria apoiar nenhum dos candidatos no segundo turno.
Doença
Marçal disse que “considerará” apoiar Nunes. Contudo, condicionou a aprovação à incorporação pelo candidato de algumas de suas propostas. “Até porque o eleitorado dele é exatamente igual ao meu aqui em São Paulo. Ele foi muito duro comigo, mas ele, entendendo as minhas propostas, podemos conversar”, afirmou, no domingo.
Ao UOL Notícias, Nunes disse que recebeu um “joinha” enviado por Marçal e evitou responder se aceitaria o apoio do treinador. No entanto, afirmou estar convencido de que os eleitores de Marçal deveriam migrar seus votos para ele.
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