Um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) avaliou a eficácia de duas abordagens diferentes de psicoterapia no tratamento da insônia. Os resultados indicaram que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), em que o foco é trabalhar comportamentos e pensamentos relacionados ao sono, apresentou efeitos mais rápidos. A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), que visa aumentar a flexibilidade psicológica do indivíduo, teve melhores efeitos após alguns meses.
A pesquisa foi realizada com 227 voluntários. “Esta é uma ótima notícia para os insones. Já se sabia que a TCC é eficaz no tratamento da insônia, apresentando ótimos resultados. Nosso trabalho, entretanto, é o primeiro a avaliar, em um grande número de participantes, as respostas ao ACT e compará-las com as da TCC e sem tratamento. Isso é importante, pois nem todos os pacientes conseguem melhorar com a TCC”, destaca Renatha El Rafihi-Ferreira, professora do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP e primeira autora do artigo.
Segundo o estudo, enquanto a TCC foca nos hábitos de sono e higiene, a ACT busca entender como o indivíduo se relaciona com o sono, além de analisar a função dos comportamentos que estão mantendo a insônia.
“Neste estudo, nas primeiras semanas, o ACT mostrou melhora na insônia em 50% dos participantes, enquanto a TCC mostrou melhora em 65% deles. Porém, seis meses após o término do tratamento, os participantes do ACT continuaram a melhorar, aumentando de 50% a 56% dos participantes com redução nas queixas de insônia, enquanto na TCC o percentual caiu de 65% para 58% ao longo do tempo”, destaca Renatha.
Com a comprovação da eficácia da ACT, esta técnica pode surgir como esperança para pacientes que não respondem à TCC ou que não conseguem seguir as orientações terapêuticas em longo prazo. “Apesar de eficaz, essa técnica é de difícil adesão. Nosso estudo mostrou que, mesmo na ausência dessa técnica, o ACT também foi eficaz para insônia. Isso pode facilitar o tratamento daqueles indivíduos que não conseguem seguir esse tipo de orientação ”, diz Renata.
O estudo foi publicado na revista Revista de Consultoria e Psicologia Clínica e pode ser acessado na íntegra neste link.
*Com informações da Agência Fapesp
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