Após a segunda audiência de conciliação sobre o “orçamento secreto” realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (10/10), o ministro Flávio Dino, relator da ação na Corte, manteve restrições ao repasse de emendas da comissão (RP 8) e relator (RP 9). Na decisão, o juiz criticou a demora dos Poderes Legislativo e Executivo em cumprir a decisão do plenário do STF que considerou inconstitucional o orçamento secreto —decisão tomada em dezembro de 2022.
Na audiência desta quinta-feira, Dino declarou que o Legislativo “não apresentou de forma objetiva, na audiência, informações específicas, completas e precisas que permitissem avaliar o cumprimento da Acórdão e estabelecer um cronograma para ações futuras”. Segundo o desembargador, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal se limitaram a afirmar que as regras de transparência na distribuição das emendas serão estabelecidas em Projeto de Lei Complementar (PLP).
No entanto, este PLP ainda não iniciou o processamento. Em agosto, o ministro do STF havia ordenado ao Congresso a apresentação de dados sobre dotações e alterações na alocação de emendas da comissão. Porém, as informações não foram apresentadas.
“Tendo em vista as deficiências no cumprimento das determinações judiciais, permanece inviável restabelecer a plena implementação das emendas parlamentares no atual exercício financeiro de 2024”, destacou Dino. “Como relator, espero que isso aconteça com a rapidez necessária e em consonância com as controvérsias relevantes discutidas no caso.”
Em relação ao Poder Executivo, também acionado pelo ministro, a Controladoria-Geral da União (CGU) informou que “56% das Emendas não foram identificadas, e não é possível verificar o total de compromissos”. O órgão destacou ainda que não pode garantir a veracidade dos números, a menos que o Legislativo disponibilize os dados.
O julgamento da Corte sobre a constitucionalidade do orçamento secreto começou com a apresentação da Ação de Descumprimento de Preceitos Fundamentais (ADPF) 854 pelo Psol e terminou em 2022 com nota 6 a 5 no Supremo. O processo, porém, foi retomado após o Psol entrar com uma ação contra a casa alegando descumprimento da medida. Com a aposentadoria de Rosa Weber, o ministro Flávio Dino assumiu a reportagem do caso.
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