O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (11/10) a intimação do governo dos Estados Unidos à fabricante sueca Saab para obter informações sobre a compra de 36 caças Gripen em 2014 pelo governo brasileiro.
O petista disse não saber quais informações os EUA solicitaram à empresa, mas classificou a iniciativa como “uma interferência dos Estados Unidos em algo de outro país”. O governo norte-americano acusa o contrato, no valor de 4,5 mil milhões de dólares, de irregularidades. O caso era investigado pela Polícia Federal na época da compra e Lula foi acusado de tráfico de influência.
“Sinceramente, acho que um pedido de informações dos Estados Unidos é uma interferência dos Estados Unidos em algo de outro país. Esta informação não é razoável. Não sei que informações estão pedindo, também não quero fazer um julgamento precipitado, mas não faz sentido pedir informações sobre um avião que o Brasil comprou”, respondeu Lula ao ser questionado sobre a intimação em entrevista ao Rádio CBN de Fortaleza.
O governo dos Estados Unidos convocou o braço americano da Saab pedindo explicações sobre a venda dos caças ao Brasil. Em nota, a empresa disse que atenderia ao pedido, mas informou que suspeitas de irregularidades foram investigadas pelas autoridades brasileiras e suecas e que nenhuma prova foi encontrada.
“A Saab pretende atender ao pedido de fornecimento de informações e cooperar com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos neste assunto”, afirmou a fabricante em comunicado.
Brasil escolheu caça sueco, não norte-americano
Lula disse ainda que os americanos são “um pouco hegemonistas” e que reclamaram depois que o Brasil decidiu não comprar seus F-18. Na escolha dos novos caças, o governo brasileiro considerou os F-18 americanos, os Gripen suecos e os Rafales franceses. A compra foi feita durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, mas vinha sendo estudada desde o primeiro mandato do petista, no início dos anos 2000.
“Não tenho conhecimento de como o avião foi adquirido. O que sei é que minha amiga Dilma comprou o avião, que acho que foi o mais econômico, me parece o mais barato e a manutenção custou menos”, afirmou. “Dilma optou soberanamente por comprar o avião sueco. E acho que ela fez um bom negócio para o Brasil. As Forças Armadas queriam o avião sueco e acho que está garantido”, acrescentou.
O presidente chegou a ser investigado por suspeita de tráfico de influência para beneficiar a Saab durante o processo de compra, e também para obter benefícios próprios. Porém, a ação foi extinta pelo então ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou que a compra ocorreu estritamente dentro da legislação. Lewandowski é atualmente ministro da Justiça, indicado por Lula.
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