Hoje a banda norte-americana Living Color se apresenta no Toinha Brasil Show. Formada por Vernon Reid, Corey Glover, William Calhoun e Doug Wimbish, a banda de rock começou na década de 1980 e toca música há quase quarenta anos. Com influências do jazz, punk e hard rock, o Living Color esteve no Rock in Rio em 2022 e agora fará uma série de shows em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Living Color é uma das referências do rock feitas pelos homens negros. Vernon Reid foi o criador da banda e, hoje, aos 66 anos, ainda adora estar no palco ao lado de Corey, William e Doug. “Fizemos a banda pela liberdade, para criar a oportunidade de fazer o que quiséssemos. Não fizemos isso para sermos um grupo de homens negros no rock. Fizemos isso porque o rock faz parte de nós. , enfim.
O álbum de estreia da banda, Vivid, completou 35 anos no ano passado e foi o grande responsável pelo sucesso do grupo americano. O álbum lançou sucessos como Cult of Personality, Open Letter (to a landlord) e Glamour Boys e após seu lançamento, Living Color fez uma turnê internacional para abrir para os Rolling Stones.
Ao Correio, Vernon Reid fala dos 40 anos do Living Colour, da mistura de sons e da admiração pelo Brasil.
Três perguntas para Vernon Reid/guitarrista da banda Living Color
Em sua música há influências de diversos gêneros como metal, punk e jazz. De onde vem essa mistura de diferentes gêneros e sons?
Lembro-me de perceber que os Beatles começaram de uma forma e em pouco tempo transformaram o formato de fazer música, mudaram de estilo e correram riscos. E eu realmente observei essa liberdade musical que diferentes bandas tinham na época, de entregar um álbum e o próximo fazer um formato totalmente diferente. Essa possibilidade de poder evoluir e me transformar me emocionou muito.
As mudanças entre Hendrix e James Brown me tocaram muito. Criou na minha cabeça a ideia de que a música pode ser tudo o que eu quiser. Eu era criança nas décadas de 1960 e 1970 e a ideia na época era que a música poderia transformar o mundo. Quando a música virou indústria já era tarde, eu já tinha essa visão de ser radical na música e poder falar o que eu quisesse. porque essas bandas que faziam tantas mixagens grandes eram bandas extremamente populares.
Nunca consegui aceitar o fato de que tudo deveria ser igual, só porque era popular. Para mim, ter músicas completamente diferentes no mesmo álbum era normal! Eu vi os Beatles fazendo isso, por que não poderia?
Você já esteve no Brasil algumas vezes. Qual é a sua relação com o país?
O Brasil é um país fascinante, um país multirracial, uma união de povos como os europeus, os indígenas e a cultura negra também. Sempre que penso no Brasil, penso em Pelé e que, para os brasileiros, um homem negro de pele escura é um herói nacional e como isso é lindo. Milton Nascimento também é um artista que admiro e que é muito importante para a música.
Perdemos recentemente o Sérgio Mendes e acho que muitos brasileiros não se importam muito com ele. Ele colocou a música brasileira no mapa e inovou a música. As interpretações de Sérgio da música de Tom Jobim são fascinantes.
A música brasileira tem uma dualidade de tristeza e alegria, assim como o país. É um país tão interessante e multicultural que tem impacto no mundo exterior. Estava pensando na música Águas de Março, que até em inglês é incrível e simples, citando ações cotidianas. É sobre a alegria, o horror e o medo da vida cotidiana. O Brasil tem um perfil único.
Living Color está se aproximando dos 40 anos como banda. Como é estar no palco hoje em dia? Você ainda gosta totalmente?
Claro que sim! Nos conhecemos muito bem e há muito tempo. O tempo é a coisa mais estranha e complexa da vida, porque o tempo é sempre agora e é a única coisa na vida da qual não podemos escapar.
Penso muito em envelhecer, porque sei que sou a mesma pessoa, mas não posso querer ser a mesma. Eu realmente tenho essa sensação de estar em uma banda de rock, não posso querer ser a mesma estrela que era quando tinha 19 anos. Mas as emoções de quando eu tinha essa idade são exatamente as mesmas.
Quando eu levava minha filha para a escola e ela reclamava, eu sempre falava que ela piscaria e eu estaria na porta para buscá-la. As coisas acontecem muito rápido e aprendi a apreciar melhor o mundo ao meu redor, a sentir os sentimentos bons e ruins que o tempo traz. Pisquei e já fazem 40 anos, estou aproveitando o momento.
Living Color na Toinha Brasil Show
Hoje, às 21h, no Toinha Brasil Show (Setor de Oficinas Sul, bloco 9, conjunto A). Ingressos a partir de R$ 180 (meia faixa) Ingresso Taxa Clube. Evento para maiores de 18 anos.
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