O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem que acabará com as apostas — casas de apostas online — se a regulamentação não resolver os problemas de dívidas, vícios e crimes, como lavagem de dinheiro. Segundo o presidente, o governo optou por observar os efeitos da regulamentação antes de tomar novas medidas, mas reforçou a possibilidade de proibir a atividade. A decisão de aguardar os efeitos da nova lei que rege o mercado de apostas no país, que entrou em vigor na semana passada, foi tomada durante reunião no Palácio do Planalto, com representantes de 14 ministérios.
“Tínhamos uma opção: ou acabava definitivamente, ou regulamentávamos. Optamos pela regulamentação. E me parece que, esta semana, já saíram de circulação mais de duas mil apostas”, declarou Lula em entrevista ao Rádio Metrópole, em Salvador, Bahia. “Então, vamos ver se a regulamentação pode lidar com isso. Se a regulamentação puder lidar com isso, o problema está resolvido. Se a regulamentação não conseguir lidar com isso, estarei acabado. Para ser muito claro. Você não tem controle sobre o gente mais humilde, criança com celular na mão fazendo aposta. Não queremos isso”, destacou o presidente.
Crimes
A Lei 14.790/2023, aprovada em dezembro do ano passado, estabeleceu o prazo da semana passada para que as empresas de apostas solicitem autorização de funcionamento ao Ministério da Fazenda. Atualmente, podem operar no país 215 apostas, pertencentes a 98 empresas. A lista foi atualizada ontem, após decisão judicial que permitiu que o Esportes da Sorte, patrocinador do clube corintiano, operasse no país até o final do ano. Outra empresa, a Reals Brasil Ltda, que opera três apostas, também foi autorizada a operar ontem. Até o momento, 2.040 apostas irregulares foram proibidas no país.
Redução de custos
Na entrevista, o presidente voltou a afirmar que não considera despesas realizadas nas áreas de educação e saúde como despesas, mas sim investimentos. Lula mostra resistência em reduzir despesas nesses setores, enquanto a equipe econômica prepara um pacote de corte de gastos. Ele também reclamou das críticas ao governo pelo aumento dos gastos públicos. Há preocupação com a trajetória das despesas, que prejudicará o quadro fiscal no futuro, caso não haja ajuste — algo reconhecido pelo Ministério das Finanças.
“Tem gente que fala: ‘ah, mas o Lula está gastando dinheiro à toa, o Lula está gastando com os pobres…’ Fico muito irritado, porque tudo que o governo faz é gasto. Se um banqueiro diz que está construindo um banheiro, é um investimento”, comentou o presidente.
“Quero dizer em alto e bom som: para mim educação não é despesa, saúde não é despesa, porque vejam quanto custa um doente ao país. Precisamos acabar com essa bobagem”, acrescentou Lula, em entrevista. com o radialista Mário Kértesz, do qual também participou o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues.
A declaração surge em meio a preocupações com o equilíbrio fiscal. A equipe econômica prepara medidas de corte de custos para apresentar a Lula. A ministra Simone Tebet já anunciou que haverá reajustes em quase todas as áreas do governo, incluindo saúde e educação, Previdência Social e supersalários. Caberá ao presidente decidir de onde serão retirados os recursos. Segundo Tebet, Lula não abrirá mão da política de reajuste do salário mínimo.
Bancos
Na entrevista, o chefe do Executivo também comentou a reunião que teve na quarta-feira com representantes dos maiores bancos privados do país, no Palácio do Planalto. “A economia está surpreendendo o mercado. Tive uma reunião com os bancos e todos elogiaram o crescimento, dizendo que a inflação está controlada. Está tudo do jeito que eu quero”, destacou.
Em entrevista coletiva após o encontro, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse ver o compromisso do governo com o ajuste das contas públicas e que Lula garantiu que respeitará o equilíbrio fiscal.
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