Neste sábado e domingo, o público brasiliense poderá vivenciar um rico encontro de diferentes gêneros musicais em uma celebração da música brasileira. O Festival Clube do Choro reúne 12 artistas em apresentações que celebram a diversidade e a riqueza dos ritmos do país. A programação começa às 16h e vai até as 22h30 no palco do Clube do Choro e na área externa do Espaço Cultural do Choro.
Promovido pela Escola Brasileira de Choro, o evento conta com a presença de artistas renomados do cenário nacional e revelações musicais. Henrique Neto, diretor artístico do festival, explica que o projeto busca celebrar o Clube do Choro e a música que se faz no país. “O Clube do Choro é considerado por muitos artistas como o templo da música brasileira, pela qualidade da programação e pelas homenagens anuais aos maiores compositores e artistas da MPB, e o festival condensa isso em dois dias de programação”, afirma. .
Com o objetivo de trazer novos sabores à música nacional e brasileira, e também cultuar a tradição, o festival reúne diversos nomes do país, alguns ainda em ascensão. É o caso da cantora Laura Medeiros, revelação do The Voice Kids aos 10 anos, responsável pela abertura do primeiro dia do evento. Apesar da idade, Laura possui um talento raro e apresenta repertórios importantes da cultura brasileira, como Elis Regina.
Para Henrique, Laura representa a união da renovação da música nacional com a tradição e legado deixado por tantos mestres da cena. “Desde pequena ela já traz toda essa bagagem de tradição e esperança cultural que a gente tem e acho lindo essa representação de uma criança já trazendo toda essa bagagem rica da nossa música”, afirma. “O que mantém algo vivo é a sua renovação, são as suas novas ideias, são as pessoas que se apropriam dos elementos e propõem uma ruptura e novos limites.”
A presença de Laura é seguida pela apresentação ‘Mestrinho em Trio’, proferida pelo sanfoneiro Mestrinho. Ao pôr do sol é a vez do pianista e compositor Francis Hime e da cantora Olivia Hime. Na transição para os shows noturnos, a Orquestra Choro Popular assume a área externa do Espaço Cultural do Choro, apresentação gratuita comandada pelo maestro Fabiano Medeiros.
Os shows noturnos começam com a saxofonista Daniela Spielmann, integrante do grupo Rabo de Lagartixa, e o regional Choro Livre. O primeiro dia do festival encerra com a banda A Cor do Som. A programação eclética, com nomes nacionais e locais, atrai diversos públicos e permite impulsionar a carreira de artistas menos conhecidos.
“A ideia é que possamos furar cada vez mais as bolhas e que as pessoas saiam de lá com uma noção maior da grandeza da música brasileira, rompendo seus limites e ampliando seus horizontes musicais”, destaca Henrique. “Às vezes, quem gosta mesmo do Mestrinho porque gosta mais da música nordestina, vai ter a experiência de conhecer a obra de Francis Hime e Olivia Hime, que são compositores espetaculares.”
No domingo, o trompetista Haniel Tenório abre as apresentações ao lado do grupo Choro Livre. Em seguida vêm o flautista Dudu Oliveira e o bandolinista Hamilton de Holanda. A Orquestra Choro Popular volta a ocupar a área externa, desta vez, para apresentar o show do premiado violonista Pedro Martins e do compositor Paulinho Moska.
Com quase 40 anos de estrada, Moska se consolidou como um dos grandes nomes da MPB moderna. Para o show no Clube do Choro, o artista apresentará uma música escrita a partir de uma partitura de um dos grandes nomes do choro brasileiro, Pixinguinha, encontrada após a morte do músico.
Para ele, o encontro diversificado de tantos nomes da música brasileira representa com maestria a música popular brasileira e a capital federal. “Há uma complexidade em Brasília, uma diversidade muito particular dentro do próprio país, e eu adoro isso, porque me sinto no olho da tempestade no Brasil em todos os aspectos”, afirma. “O festival é para que possamos nos encontrar, conversar, ver os shows uns dos outros e assistir um pouco, e participar dessa troca, dessa diversidade que vai acontecer”.
O bandolinista Hamilton de Holanda também reverencia esse intercâmbio com diferentes músicos ao mesmo tempo. “Cada músico traz uma visão diferente, uma energia única, e isso acaba se refletindo nas minhas composições e nas minhas abordagens com o instrumento. A música é uma linguagem viva, e essas colaborações ajudam a mantê-la em constante evolução”, destaca.
Um dos fundadores da primeira Escola de Choro do mundo (Brasília, 1997), Hamilton de Holanda cresceu em Brasília, onde iniciou sua carreira artística e, mais tarde, o transformou em um dos grandes nomes da música brasileira. “Voltar para Brasília é sempre especial para mim. Foi onde tudo começou, onde cresci rodeado de música e cultura”, afirma. “Voltar a atuar no Festival é como um reencontro com as minhas raízes e, ao mesmo tempo, uma celebração da viagem que me levou ao mundo.”
Para o show de domingo, o músico tocará um repertório baseado em composições de diversas épocas, ao lado de Big Rabello na bateria e Salomão Soares nos teclados, estreitando a relação entre o choro e o jazz. A escolha do repertório visa proporcionar uma experiência que respeite a tradição, mas também mostre caminhos futuros para o choro.
“O choro é uma música que pode se renovar constantemente, e é essa característica que me atrai. Gosto de ultrapassar fronteiras. Isso permite que minhas composições e performances tenham sempre um frescor, sem perder o respeito pela tradição. Acredito que a colaboração com diferentes músicos e gêneros é uma forma de manter acesa a chama do choro e conectá-lo com novos públicos”, finaliza.
*Estagiário sob supervisão de Severino Francisco
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