Ilha de Comandatuba (BA) — Para entender o que pensam os empreendedores brasileiros, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) se uniram para realizar um estudo que mostra como pensam os potenciais empreendedores antes de abrir uma franquia. A pesquisa mostra que franqueadores com foco em expansão e capacitação utilizam o treinamento como uma de suas estratégias de crescimento.
A pesquisa mostra que esses franqueados buscam pelo menos 10 estratégias no total. São eles: buscar expansão via equipe interna; incentivar os franqueados a se tornarem multifranqueados; promover a solidez dos canais de comunicação; registrar e buscar parcerias para formação contínua; treinar a equipe interna da franqueadora; realizar monitoramento in loco; promover a troca de experiências entre franqueados; produzir cada vez mais conteúdo; acompanhar os avanços tecnológicos na comunicação; e instituir processos de controle de qualidade.
O presidente da ABF, Tom Leite, destaca que a pesquisa confirmou algumas percepções que a Associação já tinha sobre potenciais empreendedores. “Mas também trouxe surpresas, como a crescente troca de informações não só com o franqueador, mas também entre os franqueados”, declarou.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, destaca que essas estratégias mostram como a franquia acaba se tornando um modelo estruturado para quem quer empreender. “Através de parcerias importantes como esta, as pequenas empresas passam a ter acesso a conteúdos, orientações e informações mais focadas nas suas necessidades. Dessa forma, eles poderão saber atuar melhor nesse mercado e até expandir seus negócios”, disse.
Gargalo por falta de treinamento
Depois de adquirir uma franquia, o sucesso e a colheita dos frutos vêm de vários fatores bem trabalhados. A localização do negócio, o capital de giro e a concorrência são alguns dos motivos pelos quais um franqueado pode ter um crescimento atrofiado ou até mesmo causar o fracasso de seu negócio. Porém, uma franquia de sucesso não depende apenas das ações do franqueado, que deve seguir as orientações dos franqueadores.
Segundo o Sebrae, a maior causa de processos judiciais entre franqueados e franqueadores é a falta de capacitação da franquia — 30% dos conflitos estão relacionados à falta de apoio.
Segundo Márcia Queirós, cofundadora da Fast Escova, nesse sentido é preciso ser redundante: não há ampliação da qualidade sem treinamentos regulares. “A busca por investidores pelo modelo de franchising tem vários motivos. Uma delas é a padronização de processos e metodologias, que traz a expertise do franqueador, que entendeu um modelo de negócio rentável, perene e autossustentável”, destacou.
“Portanto, franqueados constantemente treinados se adaptam com mais facilidade às necessidades da marca e adquirem com mais facilidade autonomia sobre seu negócio. É muito comum observar que franqueados engajados em treinamento têm maior propensão a desejar adquirir outra franquia, pois a metodologia inserida em seu negócio foi assimilada de forma mais eficiente”, acrescentou.
Números
De acordo com a Pesquisa Trimestral de Desempenho do Setor de Franquias da ABF em 2024, as operações de franquias no país representaram um aumento de 7.473 em relação ao mesmo período de 2023, totalizando 191.376 operações em todo o Brasil. Em relação aos empregos diretos, o setor fechou o ano com 1,6 milhão de empregos, 4,9% a mais que no mesmo período do ano anterior.
Apesar da avaliação animadora, uma pesquisa da Praxis Business também revelou dados alarmantes neste ano: 45% das redes do país investem até R$ 50 mil por ano na capacitação de seus franqueados. Redes que investem mais de R$ 300 mil em treinamento representam apenas 16,7% da participação dos franqueadores que atuam no Brasil.
Para Márcia Queirós, não há como fugir dos treinamentos para que a franquia se expanda com eficiência. “Uma rede que começa a ganhar espaço e até os gigantes mundiais dependem de treinamento contínuo para manter a consistência na qualidade do serviço prestado. O McDonald’s, por exemplo, é reconhecido por seu extenso programa de treinamento, mesmo com seu histórico de sucesso e reputação de marca aparentemente inabalável”, lembrou.
*O repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Franchising (ABF)
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