Inelegível há oito anos, mas confiante de que escapará da condenação, o ex-presidente Jair Bolsonaro busca tirar do caminho qualquer interessado em concorrer ao Planalto em 2026. Caso do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Para tentar enfraquecer o agora descontentamento em seu próprio território, o ex-chefe do Executivo faz campanha para eleger Fred Rodrigues (PL) como prefeito de Goiânia. Ele concorre com o empresário Sandro Mabel (União Brasil), apoiado pelo governador.
Em vídeo publicado esta semana, Bolsonaro disse que estará em Goiânia no domingo, data do segundo turno das eleições municipais, e pediu votos para Rodrigues. “Estamos juntos até depois do fim. Faço um apelo a você de Goiânia, que ainda não decidiu, ou acha que o outro lado pode estar certo, mas ainda não tem certeza: reflita”, afirmou.
Pesquisa Atlas/Intel, divulgada nesta quarta, mostra Mabel com 50,7% das intenções de voto, enquanto Rodrigues tem 46,6%.
Bolsonaro criticou repetidamente Caiado. Nesta semana, ele disse que “aceitou o apoio do PT” para tentar eleger Mabel —o governador nega, dizendo que se trata de uma notícia falsa divulgada por adversários. No mês passado, o ex-presidente chamou Caiado de “governador covarde”, em referência à postura de Caiado de defender a vacinação e o isolamento social durante a pandemia.
Domínio
O primeiro turno mostrou o grande domínio de Caiado em seu estado. Com candidatos do União Brasil e do MDB, partido do vice-governador, Daniel Vilela, garantiu 141 prefeituras, contra 27 do PL de Bolsonaro. Sem falar nos partidos que têm coligações com a União e o MDB e que também conquistaram cidades goianas.
Além da capital, outras duas grandes cidades do estado enfrentarão candidatos apoiados por Caiado e Bolsonaro: Aparecida de Goiânia e Anápolis.
Em Aparecida, a pesquisa mostrou Leandro Vilela (MDB) com 60,1% das intenções, contra 38,3% do professor Alcides (PL). O Instituto Veritá analisou que, em Anápolis, Márcio Corrêa (PL) tem 58,4%, e Antônio Gomide, 39,3%.
O analista político e econômico Caio Mastrodomênio destacou que o segundo turno das eleições tem impacto em 2026. “Esta eleição, portanto, não é apenas uma disputa local, mas também um microcosmo do embate entre duas figuras importantes da direita brasileira”, ele enfatizou. “Goiás, historicamente, foi um reduto conservador, mas agora vive um processo de realinhamento político e de disputa por hegemonia dentro do próprio campo político conservador”.
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