Das 15 capitais que conhecerão, na madrugada deste domingo (27/10), quem estará no comando pelos próximos quatro anos, grandes expectativas pairam sobre São Paulo. A maior cidade da América Latina, com quase 12 milhões de habitantes, viveu um dos períodos eleitorais mais turbulentos da história recente. Episódios de violência e discurso de ódio expuseram a incapacidade dos candidatos em debater propostas. O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), é o favorito na disputa contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSol).
Entre as agressões físicas e verbais, a campanha paulista foi marcada pela cadeira, em debate ao vivo, do candidato José Luiz Datena (PSDB) sobre Pablo Marçal (PRTB), e pelo soco que Nahuel Medina, assessor do ex-técnico , cedeu a marqueteira de Nunes, Duda Lima. Marçal também apresentou, em sua propaganda nas redes sociais, um laudo médico falso contra Boulos.
Representantes da extrema direita, filiados a partidos sem expressão no Congresso, como o próprio Marçal, na capital paulista, e Cristina Graeml (PMB), em Curitiba, despontaram na preferência de parcela significativa do eleitorado. O influenciador digital e empresário perdeu por pouco o primeiro turno, perdendo a vaga para Boulos por apenas 0,41%, ou 56.854 votos, na disputa mais acirrada da história.
Na capital paranaense, Cristina chegou ao segundo turno com 31% dos votos, atrás apenas de Eduardo Pimentel (PSD), com 33,5%, que conta com o apoio do prefeito da cidade e do governador do estado. Agora, segundo a pesquisa Quaest de ontem, Pimentel aparece com 55% das intenções de voto contra 45% de Cristina Graeml.
Em São Paulo, a centro-direita é representada por Nunes e pelo candidato a vice-presidente, Ricardo Mello. Do outro lado, a esquerda apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda acredita na reviravolta de Boulos. Segundo pesquisa Datafolha, divulgada ontem, Nunes mantém o favoritismo, com 57% das intenções de voto, contra 43% de Boulos. Na última pesquisa da Quaest, o cenário é semelhante: 55% a 45%.
Periferia
Ontem, as ruas da capital paulista receberam marchas organizadas pelas duas campanhas. Em Heliópolis, maior favela da cidade, com cerca de 200 mil moradores, Ricardo Nunes falou sobre projetos de contenção de enchentes e criação de cursos de qualificação profissional por meio do programa Meu Trampo. Ele disse que “São Paulo está batendo recordes de geração de empregos” e que continuará trabalhando para isso.
Questionado sobre ter tido poucas votações na Zona Leste da cidade, onde fica Itaquera — outro bairro visitado pelo prefeito —, Nunes respondeu que se saiu bem, mas a candidatura do influenciador Pablo Marçal “dividiu” o campo da direita. “Certamente, agora vamos vencer em todas as zonas eleitorais do leste. Fiz muitos investimentos aqui, é a minha origem”, argumentou.
Hoje, Nunes votará pela manhã na Escola Estadual Dom Duarte Leopoldo e Silva. Depois, acompanhará o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas —seu principal militante eleitoral— até sua zona eleitoral.
Atrás nas pesquisas, Guilherme Boulos passou boa parte do dia na Avenida Paulista, tradicional endereço de manifestações políticas na cidade. “Estamos consolidando aqui a maior reviravolta da história das eleições autárquicas”, anunciou Boulos, na carreata que promoveu. Depois, foi para Heliópolis e acusou seus adversários de rotulá-lo de “extremista” e “radical”.
“O que nossos adversários faziam o tempo todo era usar adjetivos contra nós como extremista, radical, invasor. Havia muita mentira”, disse, tentando reverter o alto índice de rejeição que o acompanhou ao longo da campanha. Segundo a assessoria de Boulos, o candidato votará pela manhã no CEU Campo Limpo.
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