Os partidos centristas foram os grandes vencedores das eleições municipais realizadas no último domingo (27/10). Segundo levantamento divulgado pela Nexus, empresa especializada em análise de dados da FSB Holding, com base em informações oficiais divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 81.014.351 eleitores brasileiros, o que corresponde a 52% do total do país, serão governados por prefeitos filiados a partidos centristas a partir de 1º de janeiro de 2025.
A pesquisa mostra ainda que 55,6 milhões de pessoas, número equivalente a 36% do total, elegeram candidatos filiados a partidos de direita. Os partidos de esquerda governarão agora 17,8 milhões de eleitores, representando 12% do eleitorado.
Ainda segundo a pesquisa, o percentual de eleitores administrados por partidos de centro ficou estável, em 52%, entre 2020 e 2024. O número absoluto, porém, é maior, já que, nas eleições realizadas há quatro anos, o número de pessoas que compareceu às urnas foi menor.
Houve um pequeno aumento no número total de eleitores à direita entre as duas eleições, de 49.365.774 para 55.676.418, aumentando a participação de 34% para 36%. Por outro lado, os eleitores de esquerda caíram de 21.592.405 para 17.810.360 milhões no mesmo período, reduzindo o percentual de 15% em 2020 para 12% em 2024.
O centro é formado pelos partidos Agir, Avante, MDB, Mobiliza, PMB, Podemos, PP, PSD e Solidariedade. Na direita estão Cidadania, Democracia Cristã, Novo, PL, PRD, PRTB, PSDB, Republicanos, União Brasil. Por fim, a esquerda é PCdoB, PDT, PSB, PT, PV e Rede. Vale destacar também que os três partidos que elegeram o maior número de municípios brasileiros são centristas: o PSD governará 887 municípios; o MDB, 855; e PP, 747.
Partidos de centro continuam a dominar as câmaras municipais do país
Soraia Piva
Em relação ao número de eleitores o panorama muda um pouco. Os prefeitos do MDB são os que governarão o maior número de cidadãos: nada menos que 27.753.048 milhões de eleitores vivem nas cidades em que o partido venceu, seguido pelo PSD, que liderará 27.618.473 milhões de pessoas.
PL cresce, mas não muda panorama
O PL, que é apenas o quinto em número de municípios – no caso, 516 – é o terceiro partido que governará com mais eleitores: 19.015.822 milhões. Na verdade, o partido de direita, que tem como figura central o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi o que apresentou maior crescimento no número de votos. Em 2020, a legenda havia sido escolhida por 6.497.884 milhões de pessoas, o que representa um aumento de 340%.
Neste ano, o número de eleitores governados pelo MDB também aumentou significativamente em relação a 2020, cerca de 68%. Por sua vez, o PSB subiu 62%. Independentemente do aumento significativo do PL, Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, avalia que o centro das atenções realmente ganhou destaque nas eleições municipais de 2024. “Os discursos mais moderados continuam a ser aqueles que dão mais votos aos candidatos; e, justamente por isso, o centrão continua majoritário”, afirma.
“Apesar de muito que se tem falado sobre a força da direita, e que ela de fato mostrou força nestas eleições municipais, a maioria do eleitorado brasileiro continua inclinada mais para o centro. Em muitas capitais, os eleitores procuraram de alguma forma opções para escapar tanto da extrema direita como da esquerda”, continua o CEO da Nexus.
Para o especialista, os números indicam que a profunda divisão entre direita e esquerda, verificada nas últimas eleições presidenciais, perdeu força. “Salvo algumas exceções, as eleições municipais, de certa forma, não repetiram a polarização nacional vivida em 2022. Em diversas capitais, o movimento eleitoral estava em busca de alternativas que evitassem tanto os extremos de direita quanto de esquerda”, pondera Tokarski .
Belo Horizonte acompanhou a tendência nacional
“Não tenho nenhuma ideologia, nem de direita nem de esquerda. Me considero uma pessoa de centro, progressista”, disse Fuad Noman (PSD) após vencer as eleições em Belo Horizonte
Marcos Vieira/EM/DA Imprensa
O resultado das eleições em Belo Horizonte, vencidas pelo atual prefeito Fuad Noman (PSD), com 53,7% dos votos, acompanhou à risca a tendência nacional de predomínio de candidatos centristas. Apesar de estar à frente no primeiro turno, Bruno Engler (PL), ligado à direita, pouco cresceu e acabou ficando atrás do adversário, com 46,27% de share. Os candidatos de esquerda, Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT), não chegaram ao segundo turno.
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