Com os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada, aos 53 anos, a tenista brasiliense Cláudia Chabalgoity, filha de gaúchos, vivenciou de perto a tragédia que assola o sul do país. Há dois anos, ela se mudou para Lajeado, a 163 km de Porto Alegre, para unir seu amor — ela estava apaixonada — e ampliar o projeto Tô no Jogo, em que, por meio do tênis, pessoas com diferentes deficiências físicas recuperam a autoestima e as habilidades . Com a experiência de quem foi número 5 no tênis juvenil e ficou entre os 112 melhores do mundo na modalidade, ela quis ampliar o que conquistou com o projeto em Brasília. Mas veio a destruição do terreno onde passava as férias e as celebrações familiares.
“Por um lado, tivemos muito sucesso na expansão do projeto para fora do Distrito Federal, mas agora, quando estive lá, pouco antes da tragédia, o que vi foi muito triste. . Foi só isso, ele pegou”, relata Cláudia. “É tudo muito triste. O que podemos esperar agora? Muitas doenças, mortes, deslocados e sem-abrigo”, lamenta.
O tenista disse que, com o que está acontecendo no Rio Grande do Sul, tudo mudou repentinamente, inclusive para os atletas. “Durante duas semanas não havia mais quadras de tênis nem lugar para se pensar esporte — isso foi às vésperas das Olimpíadas. O que você vê é um atleta ajudando em um abrigo. família esvaziando a casa eu vi isso sem entender o porquê – foi pouco antes da chuva. Mas eu fui lá e ajudei.
Segundo Cláudia, é impossível passar por esta catástrofe impassivelmente. “A situação exige que o planeta pare para que todos possam rever suas ações. É indescritível. Fiquei sem água e energia. Precisamos pensar na saúde mental das pessoas, isso é urgente e necessário. Além da ajuda material, precisamos é preciso pensar no apoio emocional”, indica.
A ex-campeã diz ter visto cenas que ficarão para sempre gravadas em sua memória: famílias inteiras que perderam tudo — da casa aos documentos pessoais, como se “tivessem ficado sem história” —, animais sendo levados pela água, destruídos colheitas e detritos por todos os lados. “É uma dor sem fim. Meu coração aperta só de lembrar disso”, diz ela.
Emocionada, Cláudia conta que parte do seu coração está no Rio Grande do Sul, com a família que lá mora, e outra em Brasília, que é sua terra natal. “É importante que todos reflitam sobre o que está acontecendo. E vi que lá (no Rio Grande do Sul) tem gente forte, determinada e que vai vencer”, garante.
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