Demorou, mas as maiores montadoras de veículos estão reavaliando o ritmo de investimento em modelos 100% elétricos. Reduzir não significa desistir, mas sim reavaliar o cenário com base no que os compradores demonstraram ser o seu desejo. Nos primeiros quatro meses deste ano, em praticamente todos os mercados mundiais (com exceção da China), registou-se uma redução nas vendas de carros elétricos. Ao mesmo tempo, há uma maior procura por híbridos plugáveis, especialmente aqueles com baterias de maior capacidade que garantem pelo menos 100 quilómetros de autonomia urbana média em modo eléctrico.
As últimas notícias do exterior retratam essa evidência. Marcas que já haviam descartado investir em modelos híbridos, como os do grupo GM, VW e Mercedes-Benz, entre vários outros, reavaliaram o cenário em favor dos híbridos. Uma guerra de preços inesperada levou a uma perda de rentabilidade numa altura em que são essenciais elevados investimentos na produção de baterias. A Ford, por exemplo, revelou pesadas perdas financeiras na venda de cada carro elétrico. A Stellantis, por ter esperado mais tempo para avaliar melhor o cenário, foi menos afetada.
BMW é uma exceção. Embora pioneira no segmento de carros elétricos com o i3, sempre defendeu que a escolha deve ser feita pelo mercado e oferece motores de combustão interna (MCI), híbridos e motores elétricos. A Europa quer eliminar as vendas de MCI até 2035, mas isto também pode mudar a favor dos híbridos.
Entre os que tentaram surfar nessa onda, a Fisker, marca americana com fábrica na Áustria, pediu falência. Isso torna ainda mais difícil para as pequenas empresas, conhecidas como startups, que acham relativamente fácil comprar motores e baterias prontos para uso e lançar novos modelos. Entre outros estão Pear, Alaska e Ronin.
Mesmo a Tesla, com o frenesi causado pelos seus carros elétricos, não escapou, algo que esta coluna já previa quando a concorrência começou a aparecer por todos os lados. A marca do bilionário Elon Musk enfrenta pesadas perdas financeiras e uma queda nas vendas que era esperada, mas não com a intensidade vista agora. Dos cinco produtos, apenas dois, Modelo 3 e Modelo Y, se destacaram. Chegou a hora das atualizações visuais, como é habitual na indústria, porém, aparentemente não há nada à vista.
Na China, o cenário é diferente. Devido às enormes perdas no setor imobiliário do país, o governo priorizou os carros elétricos com fortes subsídios e, em particular, o desenvolvimento de baterias. Os avanços tecnológicos tornaram-se evidentes.
Depois veio a ordem de exportar a qualquer custo. E os EUA, cujo mercado é apenas menor que o da China, pareciam um alvo fácil. No entanto, o governo americano acaba de anunciar que os veículos chineses terão um imposto de importação não inferior a 100%.
A solução seria construir fábricas no México e exportar de lá para o vizinho gigante. Essa porta poderia fechar da mesma maneira. Resta tentar montar fábricas nos EUA. Eles também serão bloqueados? Confira nos próximos capítulos.
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