Em outubro, a cantora e drag queen Aretuza Lovi publicou seu novo projeto de carreira, a primeira parte de seu quarto álbum. O EP Borogodó 2: Sob a bênção do sertão expressa o amor e a ligação de Aretuza com o Nordeste. Apesar de ser goiana, a cantora viveu grande parte de sua vida nas regiões Norte e Nordeste e busca homenagear, com uma série de regravações, sua própria experiência.
O álbum é uma continuação de Borogodóálbum feito em 2022. No primeiro projeto, Aretuza comenta que fez uma mistura de ritmos diferentes e a segunda parte veio para reforçar a importância das regiões para sua vida, pois possuem ritmos que regem seu cotidiano. “Ouço diariamente, é como uma oração para mim. Eu vivo isso geralmente como uma religião. Preciso homenagear o Norte e o Nordeste, tudo que eles representam para mim. Foi quando decidi fazer o Borogodóvolume 2, em homenagem e forma de agradecimento a tudo que o Norte e o Nordeste representam na minha vida”, comenta a cantora.
Aretuza conta que, apesar de não estar em um momento fácil na vida, a criação do projeto veio como uma salvação. “Lembro-me de ouvir as músicas que gosto no chuveiro e perceber o quanto isso era importante para mim. Tenho lembranças de cheiros, sabores e momentos. Então escolhi as músicas que iria regravar para o álbum”, conta a drag queen.
A primeira parte conta com quatro músicas, em parceria com Klessinha A Baronesa e Àttooxxá. A reinterpretação de Tutti Fruttiuma música de Calcinha Preta, foi tocada com o grupo. Para a cantora, a parceria é a realização de um sonho de toda a vida. “É uma banda que me remete a quando eu era criança, vendo cantores e querendo ser como eles. Também fui para o Nordeste porque me senti muito acolhida em relação à minha sexualidade. Foi um presente gravar com a maior banda de forró do planeta”, destaca.
A ligação com as bandas do Norte e Nordeste do país trouxe uma libertação para Aretuza. “Olhei para os cantores e quis poder dançar como eles, vi os bailarinos sem nenhuma masculinidade frágil. E esse meu desejo sempre foi uma piada. Hoje posso fazer tudo que eu quiser, posso ser aquela criança de toalha na cabeça que imitou a Joelma e a Paulinha, graças a essas mulheres que me motivaram muito”, diz Aretuza.
No momento atual, com mais de dez anos de carreira, Aretuza Lovi conta que decidiu deixar a pressão da indústria de lado e trabalhar de forma mais tranquila e amorosa, consigo mesma e com seus projetos. O álbum foi inteiramente feito com gente do Nordeste e a cantora vê a produção como um agradecimento, abraçando a alma sertaneja. “Estou muito mais tranquilo, já passei por muita coisa boa e muitos obstáculos, mas hoje vejo que fui pioneiro no movimento arrastar música cantando músicas populares do Brasil”, comenta.
A segunda parte do projeto será uma homenagem ao Norte e o projeto completo será lançado em janeiro de 2025. “Decidi fazer assim porque são muitas pistas, não quero pressa, quero trabalhar essas faixas. O plano é continuar fazendo o que amo, viajando pelo Brasil com meus shows e vivendo meu sonho sem muitas cobranças”, finaliza Aretuza.
Ao final da entrevista, Aretuza comentou sobre a ligação com o Correspondência e com Brasília. “Minha drag começou em Brasília em 2012, não seria nada sem esse processo na capital também! Amo a cidade e agradeço também a Correspondência porque fazem matérias sobre mim desde o primeiro ano”, destaca.
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