O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse esta sexta-feira que espera que a democrata Kamala Harris vença as eleições para presidente dos Estados Unidos contra o ex-presidente republicano Donald Trump. Para o petista, a vitória de Kamala seria um resultado “mais seguro” para o fortalecimento da democracia.
Lula também criticou os ataques de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, nos Estados Unidos, no final do mandato de Trump. Seis pessoas morreram no episódio, quando uma multidão tentou invadir a sede do Legislativo norte-americano incentivada pelo bilionário. O ex-presidente passou a ser alvo de investigações criminais relacionadas ao ataque.
“Penso que Kamala vencer as eleições é muito mais seguro para fortalecermos a democracia. É muito mais seguro”, sublinhou em entrevista ao canal francês TF1. “Vimos como era o presidente Trump no final do seu mandato, realizando aquele ataque ao Capitólio, algo que era impensável de acontecer nos Estados Unidos. Porque os Estados Unidos se apresentaram ao mundo como um modelo de democracia, e esse modelo ruiu. Agora temos ódio destilado todos os dias”, acrescentou.
O petista é aliado do atual presidente Joe Biden, também democrata. Em tom semelhante ao adotado para defender o voto em Kamala, Lula já havia manifestado apoio público a Biden, antes de sua desistência da disputa. O petista defendeu que Biden deveria participar da decisão de substituí-lo pelo vice-presidente, enquanto cresciam os questionamentos sobre a capacidade física e mental do presidente americano para concorrer e ser reeleito.
Na ocasião, Lula também associou Trump a episódios de violência e intolerância política. Lula disse que o ódio e a mentira estão se espalhando não só nos Estados Unidos, mas na América Latina e na Europa. “É o nazismo e o fascismo trabalhando novamente com uma face diferente”, disse ele.
Contágio
Trump é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro — que o tem como modelo — e conta com o apoio entusiástico da oposição brasileira para regressar ao poder em Washington. Integrantes do bolsonarismo acham que a vitória de Trump pode contagiar os eleitores do país para um novo confronto com o petista, em 2026.
Manifestações como a de Lula podem causar ruído entre governos e países. Geralmente são desaconselhados por diplomatas pela possibilidade de serem interpretados como uma tentativa de intervenção nos assuntos internos de outro país ou mesmo porque potencialmente criam desconforto com um dos candidatos presidenciais. Antes de falar a favor de Kamala, Lula ainda disse que não poderia dar palpite nas eleições porque seria uma “interferência indevida”.
As eleições presidenciais nos Estados Unidos acontecem na próxima terça-feira. Até agora, Kamala e Trump estão empatados, e o resultado depende dos sete chamados “estados indecisos”, que poderão dar a vitória a qualquer um deles.
“Como sou um amante da democracia – penso que a democracia é a coisa mais sagrada que nós, humanos, podemos construir para governar bem os nossos países – estou obviamente a torcer para que Kamala Harris ganhe as eleições”, enfatizou o presidente. (Com Agência Estado)
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