Na véspera das eleições nos Estados Unidos, o dólar registrou forte desvalorização frente ao real. Nesta segunda-feira (11/04), a moeda norte-americana caiu 1,48%, cotada a R$ 5,78. Apesar da tensão em torno do resultado das eleições nos EUA, o mercado interno reagiu positivamente ao anúncio de que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, permaneceria no Brasil esta semana, para antecipar o anúncio de possíveis medidas de redução de custos.
O movimento desta segunda também representa um pouco de alívio para o câmbio, que acumulou perdas significativas na última semana, chegando ao patamar de R$ 5,86 na última segunda-feira – o maior desde o auge da pandemia de covid. -19, em maio de 2022.
Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a permanência de Haddad no Brasil é um sinal positivo do governo e indica que o Tesouro deve tratar a questão fiscal com mais urgência.
“É claro que essa sinalização não é suficiente para mudar o ânimo do mercado, tanto que as condições que vimos hoje são semelhantes às do fechamento de quinta-feira (31/11). Precisamos ver mais medidas do que discursos atualmente, mas o governo parece ter vontade de melhorar a situação”, avalia.
O movimento de queda do dólar frente à moeda brasileira foi mais intenso do que em comparação com outras moedas do mundo. O índice DXY, que mede a força da moeda norte-americana globalmente, caiu 0,41% nesta segunda-feira (11/04). Para o analista e sócio da Cash Wise Investimentos, Victor Souza, os investidores decidiram aguardar o resultado das eleições norte-americanas para tomar movimentos mais arriscados.
Incerteza entre investidores
A percepção geral, segundo especialistas, é que há muita incerteza sobre o resultado das eleições marcadas para esta terça-feira (11/04). O republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris permanecem tecnicamente empatados na maioria das pesquisas eleitorais na véspera do dia da votação.
Na opinião do sócio da GWX Investimentos, Ciro de Avelar, a expectativa é que o dólar permaneça no patamar atual, acima de R$ 5,70, durante esta semana, aguardando o resultado das eleições nos EUA, que só poderá ser divulgado na próxima fim de semana.
“Todos ainda estão muito cautelosos para os próximos dias, porque o dólar ainda pode subir muito, dependendo do que acontecer com as eleições americanas. Se o anúncio dos ajustes fiscais não for condizente com a realidade do Brasil, ou com a implementação dos quais esses cortes podem acontecer, veremos também uma fuga de dólares no país”, avalia o especialista.
Ainda segundo o especialista, uma vitória de Kamala Harris pode significar menor probabilidade de valorização do dólar e aumento da inflação nos EUA. “Se Trump for o vencedor, as medidas protecionistas que pretende implementar irão gerar inflação e taxas de juro mais elevadas nos Estados Unidos. Então isso vai acabar desvalorizando o real”, destaca.
Bolsa sobe com permanência de Haddad
A notícia de que o ministro Fernando Haddad cancelou sua viagem à Europa esta semana também animou o mercado de ações no Brasil. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) saltou 1,87% e encerrou a sessão aos 130.514 pontos. Foi o maior avanço diário da bolsa em mais de 8 meses.
Entre as ações listadas em bolsa, os destaques foram as ações da Cogna (COGN3) – empresa do setor de educação – e da varejista Magazine Luiza (MGLU3), que subiram 11,03% e 10,38%, respectivamente, no fechamento de esta segunda-feira. As ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4) também fecharam no azul, com valorizações de 1,03% e 0,23%, respectivamente.
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