A eleição presidencial dos Estados Unidos disputada entre o ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris ultrapassa a fronteira americana e repercute entre os políticos brasileiros. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomam partido na rivalidade entre os dois principais partidos americanos, os Democratas e os Republicanos, replicando a polarização nacional.
Enquanto apoiadores do governo se manifestam contra o retorno de Trump ao comando da maior economia do mundo, figuras da oposição se posicionam a favor do republicano. O apoio vai ao encontro das manifestações de Lula e Bolsonaro. Enquanto o petista declarava apoio a Kamala, Bolsonaro enviava votos de vitória a Trump.
Ao canal de televisão francês TF1, Lula afirmou que a vitória de Kamala é a “opção mais segura para o fortalecimento da democracia” nos Estados Unidos e que torce pelo democrata. Bolsonaro, num vídeo partilhado nas suas redes sociais, disse que “está junto” de Trump em nome do “Estado de Israel”, do “respeito à família” e da “liberdade de expressão”.
Entre governantes, como Lula, a defesa do candidato democrata é justificada como forma de conter a “ameaça à democracia” representada por Trump. Por outro lado, seguindo o mote do vídeo gravado pelo ex-presidente, os bolsonaristas aliam-se ao candidato republicano pela afinidade entre os dois líderes na pauta dos costumes. O tema do direito à liberdade de expressão também é mencionado por políticos brasileiros que se posicionaram nas eleições americanas.
Os americanos irão às urnas nesta terça-feira, dia 5, mas o voto antecipado, como o voto pelo correio, já está em andamento. O cenário entre Harris e Trump é incerto, principalmente pelo empate técnico nas pesquisas realizadas em sete estados-chave para a vitória no colégio eleitoral.
A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) compartilhou o vídeo gravado por Jair Bolsonaro em apoio a Trump, acrescentando na legenda o slogan “MAGA”, sigla para “Make America Great Again”, um dos lemas de Trump.
A parlamentar catarinense também compartilhou em suas redes um vídeo gravado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Na peça, o filho “02” do ex-presidente se dirige ao eleitor americano, falando inclusive em inglês. O deputado federal paulista sugere que o governo Joe Biden promove a “censura” em solo brasileiro e que, por isso, também é prejudicial aos interesses americanos.
O perfil no X (antigo Twitter) do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro, replicou postagens a favor de Trump. O conteúdo do conteúdo também critica Kamala Harris. Uma das postagens replicadas pelo ex-ministro elogia o apoio do bilionário Elon Musk à campanha de Trump, comparando o apoio de Musk a Trump com o de George Soros a Kamala Harris. Soros é um bilionário húngaro que tem sido criticado pelos conservadores pelo seu apoio às agendas progressistas.
Por outro lado, entre a base governista, há fortes manifestações contra Donald Trump, mesmo que, assim como os bolsonaristas, não haja apoio manifesto a um dos candidatos na disputa.
Em 20 de outubro, Trump visitou uma unidade do McDonald’s durante uma programação de campanha. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, repercutiu o fato ao afirmar que o republicano era um “mestre em fake news”.
“Tudo é falso, desde a cor do cabelo até o uniforme de trabalho. Que vergonha para os outros”, disse o petista, que já havia zombado de Trump após o atentado durante comício na Pensilvânia, no dia 13 de julho. o ataque contra o ex-presidente americano foi armado.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se pronunciou sobre o tema em postagem agora excluída de seu perfil no X. Na postagem, feita após a desistência de Joe Biden na disputa à reeleição, a parlamentar comparou Trump a Jair Bolsonaro e fez um apelo à “união das forças democráticas”. “É hora de unir as forças democráticas do mundo para derrotar Donald Trump, que é a representação do ódio e do fascismo, assim como Bolsonaro no Brasil”, disse Jandira.
Antes mesmo da retirada de Biden, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) descreveu Trump como “uma política de agressividade, de ataque aos imigrantes, aos investimentos sociais e às mulheres”. O petista vinculou o republicano à invasão da sede do Congresso americano, em janeiro de 2021, e comparou os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 a um “espelhamento” do que aconteceu nos Estados Unidos.
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