A eleição presidencial dos Estados Unidos disputada entre o ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris ultrapassa a fronteira americana e repercute entre os políticos brasileiros. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomam partido na rivalidade entre os dois principais partidos americanos, os Democratas e os Republicanos, replicando a polarização nacional.
O apoio vai ao encontro das manifestações de Lula e Bolsonaro. Enquanto o petista declarava apoio a Kamala, Bolsonaro enviava votos de vitória a Trump.
Em vídeo compartilhado em suas redes sociais no domingo, Bolsonaro disse: “Entra em cena o maior líder conservador do nosso tempo, Donald Trump. Hoje, vemos as guerras, o regresso do terrorismo e da censura aprisionando a todos, o regresso de Trump é a certeza de um mundo melhor, sem guerras, sem terrorismo, e o regresso da liberdade em toda a sua plenitude”, declarou.
O apoio de Bolsonaro a Trump não é novidade. O líder do PL empregou uma série de estratégias no Brasil que levaram o republicano à Casa Branca, incluindo ataques e ameaças contra adversários, a criação de redes para disseminar informações falsas e questionar o resultado eleitoral.
Os dois também são acusados de organizar ou incentivar ataques violentos ao Capitólio, em 2021, e à sede dos Três Poderes, em 2023, respectivamente. Grande parte da semelhança se deve à proximidade de Bolsonaro e seu entorno com Steve Bannon, estrategista da extrema direita americana e da campanha de Trump. Banno esteve preso até à semana passada, durante quatro meses, suspeito de obstruir uma investigação parlamentar ao ataque ao Capitólio.
Os aliados de Bolsonaro acreditam que a vitória de Trump poderá fortalecer a exigência de anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro, incluindo o próprio ex-presidente. Pode também reforçar a articulação internacional da extrema direita.
A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) compartilhou o vídeo gravado por Bolsonaro em apoio a Trump, acrescentando na legenda o slogan “MAGA”, sigla para “Make America Great Again”, um dos lemas de Trump.
Almíscar e Soros
O perfil no X (antigo Twitter) do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro, replicou postagens a favor de Trump. O conteúdo do conteúdo também critica Kamala Harris. Uma das postagens replicadas pelo ex-ministro é elogiosa ao apoio do bilionário Elon Musk à campanha de Trump, comparando o apoio do empresário ao ex-presidente com o de George Soros a Kamala Harris. Soros é um bilionário húngaro que tem sido criticado pelos conservadores pelo seu apoio às agendas progressistas.
Entre os apoiantes do governo, a defesa de Kamara é justificada como forma de conter a “ameaça à democracia” representada por Trump. Há fortes manifestações contra o republicano. No dia 20 de outubro, o ex-presidente visitou uma unidade do McDonald’s durante uma programação de campanha. A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, repercutiu o fato ao afirmar que o republicano era um “mestre das fake news”. “Tudo é falso, desde a cor do cabelo até o uniforme de trabalho. É uma pena”, disse.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se pronunciou sobre o tema em postagem agora excluída de seu perfil no X. Na postagem, após a desistência de Joe Biden na disputa à reeleição, a parlamentar comparou Trump a Bolsonaro e fez um apelo pela “união das forças democráticas”. Ela disse que o republicano “é a representação do ódio e do fascismo, assim como Bolsonaro no Brasil”. (AE e VC)
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