Para muitas pessoas, ouvir a palavra dieta é como um pesadelo. Em muitos casos, está ligada a restrições forçadas, inclusão de alimentos indesejados e frustrações. Seguir um plano alimentar não é fácil — são muitas tentativas, poucas vitórias e a sensação de seguir a receita de bolo de uma nutricionista para o objetivo desejado é alta.
A busca por um plano alimentar individualizado, personalizado e dentro das limitações pessoais tem aumentado nas clínicas. E a inclusão do conhecimento genético na nutrição tem se mostrado um grande aliado nesse sentido.
“O conhecimento da variação genética em um plano nutricional pode proporcionar uma abordagem mais eficaz e precisa para melhorar a qualidade de vida e atingir objetivos relacionados à saúde, ajudando os pacientes a alcançar resultados mais significativos e duradouros”, afirma a nutricionista Raíssa Boaventura Nunes.
A nutrigenética e a nutrigenômica são ciências cada vez mais exploradas no universo nutricional e genético. Segundo Raíssa, os dois campos estão interligados, mas com algumas diferenças. “A nutrigenômica visa entender como os alimentos e nutrientes interagem com os genes de um indivíduo”, explica. A nutrigenética analisa as variações genéticas individuais e sua influência na resposta aos nutrientes.
Segundo o nutricionista funcional, clínico e genético Fábio Bicalho, a nutrigenética é preditiva e atua na prevenção de certas doenças. “Por meio dele é possível analisar polimorfismos, que são alterações no DNA, e descobrir predisposições para determinadas doenças e, eventualmente, preveni-las”.
Além disso, ao analisar o material genético do paciente, o profissional consegue descobrir quais vitaminas e nutrientes aquele corpo absorve melhor. “Ele vai me mostrar os alimentos que ajudam a melhorar o metabolismo e o que chamamos de fatores de risco, que são individuais”, explica Fábio.
O teste nutrigenético, atualmente disponível apenas no sistema privado de saúde, é realizado por meio da coleta de amostras genéticas, por meio de swab bucal ou amostra de sangue. Segundo a nutricionista, são necessárias quatro amostras, que serão analisadas quatro vezes em laboratório para obter o resultado exato. O exame pode ser feito desde bebês até adultos.
Planejamento individualizado
Com os resultados em mãos, o nutricionista tem todas as informações necessárias para montar um plano nutricional individual e específico para o paciente. “O teste pode revelar uma variedade de informações úteis sobre como a genética de uma pessoa pode influenciar sua nutrição e saúde”, afirma Raíssa Boaventura Nunes.
Segundo ela, isso inclui informações como metabolismo de macronutrientes, vitaminas e minerais, resposta a alimentos específicos e atividade física e predisposição a diversos problemas de saúde. A nutricionista afirma que a realização do exame ajuda o profissional a identificar necessidades nutricionais, gerenciar intolerâncias e sensibilidades alimentares e atuar na prevenção de doenças.
Fábio Bicalho acrescenta que, ao incluir alimentos funcionais na dieta, podem-se evitar síndromes e possíveis doenças. “Se o exame mostrou baixa absorção de vitamina A, no futuro essa pessoa pode desenvolver degeneração macular. E aí vou apresentar, por exemplo, mamão pela manhã, sopa de cenoura à noite, abóbora no almoço, para chegar a tantos miligramas por dia e prevenir a doença.”
Saber quais são as predisposições, os alimentos que podem causar malefícios e os que são mais bem absorvidos pelo organismo não só ajuda na prevenção de doenças, como também auxilia no alcance de objetivos estéticos. As diversas dietas que se espalham na internet e que prometem uma finalidade estética específica não levam em consideração as especificidades nutricionais de cada pessoa.
Segundo Fábio, algumas pessoas, por exemplo, metabolizam melhor os carboidratos do que as proteínas. E, com esse conhecimento, é possível criar um plano alimentar mais eficiente na obtenção de resultados. “Você tem essa vantagem para quem quer aumentar a massa muscular e para quem quer reduzir peso e medidas, principalmente.”
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Para Raíssa, essa abordagem personalizada é capaz de maximizar os benefícios dos hábitos alimentares. “Temos uma capacidade muito maior de compreender o organismo do paciente e desenvolver melhores comportamentos para que ele alcance seus objetivos com menos chances de frustração”, afirma.
Além da estética, o conhecimento da nutrigenética e da nutrigenômica pode prevenir complicações de saúde e promover melhor qualidade de vida. “Ao incluir alimentos que nos favorecem, conseguimos um equilíbrio na microbiota intestinal e uma melhora como um todo. Melhora a liberação de serotonina, reduz a ansiedade, aumenta o rendimento nos treinos”, explica Fábio Bicalho. “Você vive mais forte.”
Não existe uma dieta universal, pois cada organismo é único e possui particularidades. Incorporar esses estudos em um plano nutricional garante uma personalização que de outra forma não seria possível. “Através de um projeto nutricional ligado ao seu DNA, feito para você. Nenhum DNA é igual e a vantagem é para toda a vida”, finaliza Fábio.
*Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte
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