O município de Estrela, no Vale do Taquari, interior do Rio Grande do Sul, foi um dos mais afetados pela recentes enchentes no estado. Segundo a prefeitura, no auge das enchentes, 75% do território da cidade ficou submerso.
A reportagem da BBC foi ao bairro dos Moinhos, que foi devastado pela tragédia, para conversar com moradores e entender como ficará a região que foi destruída pela lama.
Segundo a prefeitura, o bairro não receberá mais água, luz, esgoto e equipamentos públicos como postos de saúde e escolas. A medida atende recomendação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul.
A ideia é desencorajar o retorno das pessoas a essas áreas. Na prática, o local poderá se tornar um “bairro fantasma”.
Veja abaixo o antes e o depois da tragédia em algumas cidades da região metropolitana da capital gaúcha.
Canoas e Porto Alegre
Um grande volume de chuva trouxe de volta às ruas de Porto Alegre nesta sexta-feira (24/5) uma cena comum nos piores dias da catástrofe ambiental: caminhões e barcos retirando pessoas de pontos isolados pela água.
A precipitação, que começou na madrugada de quinta-feira, atingiu os 100 milímetros em apenas 12 horas, o equivalente à média histórica de todo o mês de maio, segundo o serviço meteorológico MetSul.
Em partes das zonas leste e sul, relativamente poupadas na primeira fase da enchente, as chuvas chegaram a 130 mm no mesmo intervalo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O prefeito Sebastião Melo (MDB) anunciou nesta sexta-feira a suspensão das aulas na rede pública e privada e o fechamento das comportas do sistema de contenção Guaíba.
Diferentemente do início do mês, quando a maior parte da enchente foi causada pelo avanço das águas do Guaíba sobre as zonas norte e centro, desta vez as enchentes foram causadas principalmente pelo transbordamento de bueiros e córregos como o Feijó, próximo no bairro Sarandi, e o Cavalhada, na zona sul.
Os bairros Restinga e Santana, na zona leste, e Cavalhada, na zona sul, que não registraram alagamentos nos primeiros dias de maio, registraram pontos de alagamento e bloqueios de ruas.
No bairro Camaquã, crianças e funcionários da escola infantil Paraíso dos Baixinhos foram resgatados em uma operação que envolveu pais, Corpo de Bombeiros e Exército.
O resgate foi prejudicado por obras inacabadas em um oleoduto da região, que começou a jorrar água e até impediu a passagem de um caminhão do Exército.
No Vale do Taquari, uma ponte flutuante temporária instalada pelo Exército sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, foi arrastada pela torrente.
A travessia, em uso desde quarta-feira (15/5), substituiu a antiga ponte destruída pela enchente e permitiu a passagem de 45 pessoas por minuto, num sentido.
Charqueadas
Enquanto o Rio Grande do Sul ainda enfrenta inundações em decorrência das fortes chuvas que atingiram o estado no mês passado, outro problema começa a surgir com força: leptospirose.
O governo do estado confirmou nesta quinta-feira (23/05) mais duas mortes por leptospirose relacionadas às fortes enchentes que atingiram o estado. Dois homens morreram —de 56 e 50 anos, moradores dos municípios de Cachoeirinha e Porto Alegre, respectivamente.
As mortes ocorreram na semana passada, mas a causa foi confirmada em exames laboratoriais nesta semana.
Antes disso, neste mês, outras duas pessoas já haviam morrido de leptospirose em decorrência das enchentes, nos municípios de Venâncio Aires e Travesseiro.
Até esta sexta-feira (24/5), o Rio Grande do Sul tem 54 casos confirmados de leptospirose e quatro mortes.
Outras quatro mortes estão em investigação e ainda não foram confirmadas como decorrentes da doença: em Encantado, Sapucaia, Viamão e Tramandaí.
São 1.140 casos notificados de leptospirose — ou seja, em que o diagnóstico da doença não foi confirmado, mas em que os pacientes relataram sintomas.
Cruzeiro do Sul
Para o enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul desde o final de Abril causaram a morte de pelo menos 161 pessoas e deixaram 581 mil pessoas desalojadas. Desse total, 76 mil estão em abrigos improvisados.
Estrela, município com 34 mil habitantes, fica na região conhecida como Vale do Taquari, uma das mais afetadas. Segundo a Câmara Municipal, no auge das cheias, 75% do território da cidade ficou submerso.
Nos primeiros dias da tragédia, o município contava com 6 mil pessoas em abrigos. Com o recuo dos rios, alguns voltaram para casa ou se abrigaram em casas de famílias. Agora, segundo a prefeitura, são 600 pessoas em abrigos.
As obras de reconstrução no Rio Grande do Sul, porém, ainda estão em fase de formulação e as informações sobre a distribuição de novas moradias aos atingidos pelas enchentes não foram totalmente detalhadas.
Há duas semanas, o governo federal anunciou um pacote de ajuda ao Rio Grande do Sul equivalente a R$ 50 bilhões, composto por recursos federais, aprovação de impostos, renegociação da dívida do Estado e linhas de crédito concedidas por bancos privados.
O Estado do Rio Grande do Sul estimou que as obras de reconstrução custarão pelo menos R$ 19 bilhões.
O governo do Rio Grande do Sul anunciou um plano de abrigo temporário para aproximadamente 10 mil pessoas. O projeto ficou conhecido como “cidades temporárias” que seriam construídas com estruturas metálicas e plásticas em quatro localidades espalhadas pelo Estado.
Não há informações sobre quando estas estruturas estarão prontas e quais regiões beneficiariam as pessoas.
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
videos gratis
www globo
tv globo
resultado lbr
you video