Pela primeira vez, fragmentos de âmbar foram descobertos na Antártica. O objeto permitiu encontrar informações sobre as antigas e grandes florestas do continente — onde viviam dinossauros e mamíferos.
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O Cretáceo — período da era Mesozóica que corresponde entre 145 e 65 milhões de anos atrás — tornou o mundo um lugar mais quente, devido à elevada presença de dióxido de carbono atmosférico. Durante este tempo, a Antártica tinha grandes florestas. Porém, ainda não há muito conhecimento sobre a vegetação e os habitantes da época no local, devido à dificuldade de acesso aos fósseis, já que os pesquisadores precisam perfurar o fundo do mar na costa da Antártica.
A pesquisa é realizada por uma equipe liderada por Johan Klages, do Instituto Alfred Wegener. O grupo encontrou o âmbar dentro de uma camada de carvão úmido de cinco centímetros de espessura (conhecida como linhita). O âmbar é uma resina, resultado de uma matéria viscosa produzida pelas árvores, que pode remontar a milhões de anos. Encontrado em tons quentes — como amarelo, laranja e marrom —, hoje é normalmente utilizado para criar joias e decorações. Por ser uma substância pegajosa, é extremamente comum encontrar em seu interior pequenas criaturas, penas, plantas e sedimentos. Em 2015, foi encontrada uma cauda de dinossauro, com as penas intactas, dentro de um âmbar.
A estimativa é que a resina encontrada tenha entre 92 e 83 milhões de anos e tenha vindo de uma floresta pantanosa, composta principalmente por coníferas. A equipe moeu a linhita para análise, e os pedaços de âmbar que sobreviveram são minúsculos – entre 0,5 e 1,0 milímetros de diâmetro – o que torna muito reduzidas as chances de encontrar formas de vida bem preservadas. No entanto, foram detectados fragmentos de casca de árvore.
“Os fragmentos de âmbar analisados permitem uma visão direta das condições ambientais que prevaleciam na Antártida Ocidental há 90 milhões de anos”, disse Klages num comunicado. “Nosso objetivo agora é aprender mais sobre o ecossistema da floresta – se ela foi queimada, se podemos encontrar vestígios de vida incrustados no âmbar. Esta descoberta permite uma viagem ao passado de outra forma, mais direta.”
No artigo sobre a descoberta, os autores relatam que a resina pode ser fruto de um incêndio florestal, tendo sido preservada pela água que cobriu o local e o protegeu da luz ultravioleta.
Clique aqui e leia o artigo original na íntegra.
*Estagiário sob supervisão de Luciana Corrêa
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