Depois dos temporais de quinta-feira e das chuvas constantes ao longo do dia de ontem, os moradores de Porto Alegre agora precisam conviver com uma nova preocupação: o risco de deslizamentos de terra. A Defesa Civil municipal emitiu alertas relacionados a 26 pontos críticos na capital gaúcha.
Porém, não há indicação do poder público para que moradores de áreas de risco abandonem suas casas e se dirijam para abrigos. A orientação é que eles observem e, caso “percebam instabilidade”, deixem o imóvel ameaçado.
“A população residente em áreas de risco deverá observar eventuais alterações nas encostas. Em caso de indícios de instabilidade, os moradores deverão procurar abrigo temporário com parentes ou amigos, ou utilizar as estruturas de acolhimento disponibilizadas pela prefeitura. locais, mantenha-se afastado de postes, árvores e sinalização de trânsito e evite entrar em áreas alagadas”, indica o alerta da Defesa Civil do município. As áreas mais ameaçadas estão em 24 bairros das zonas norte, leste e sul, como Sarandi, Lomba do Pinheiro e Mário Quintana.
O alerta sobre encostas é baseado em informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e é válido até segunda-feira.
Subida
Com as fortes chuvas das últimas horas, o nível do Lago Guaíba voltou a ultrapassar a marca dos 4m na tarde de ontem —chegou a 4,26m. O represamento das águas da Lagoa dos Patos, devido aos ventos vindos do sul do país, e a chegada em Porto Alegre das grandes chuvas que se formaram no norte do Rio Grande do Sul significam que a expectativa é que as águas no o Guaíba continua subindo.
A previsão de retomada das enchentes indica uma inundação duradoura do Guaíba, desacelerando — às vezes paralisando completamente — o processo de limpeza e reconstrução das cidades da região metropolitana de Porto Alegre. E essa preocupação aumenta porque a prefeitura da capital, no dia 17 de maio, para escoar as águas que invadiam a cidade, derrubou a comporta número 3, no bairro Centro Histórico. Os equipamentos serviram de contenção para que a água do Guaíba não transbordasse.
Agora, com a necessidade de fechar novamente os portões do sistema de proteção, a prefeitura não tem condições de substituir o portão tombado. A alternativa encontrada pela administração municipal foi utilizar sacos de areia, misturados com cimento, para tentar conter a enchente. Foram utilizados mais de 50 sacos — aproximadamente uma tonelada no total —, dispostos em três fileiras, no local onde estava o portão arrancado.
As inundações continuam elevadas em alguns dos bairros afetados desde o início do mês, especialmente na zona norte da capital, no extremo sul e nas ilhas — como Sarandi, Humaitá, Lami e Arquipélago. Uma das principais vias de Porto Alegre, a Avenida Ipiranga, teve as pistas fechadas ontem devido à abertura de um buraco na tubulação abaixo de uma das pistas.
Lixo espalhado
Um dos motivos para a enchente demorar a diminuir é a orientação dada há poucos dias pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana, para que as pessoas retirem o lixo acumulado no interior de residências e comércios para as ruas da cidade. Os bairros que permaneceram inundados ontem tinham uma grande quantidade de detritos escondidos sob as águas turvas. A reportagem do Correio constatou isso ao percorrer áreas alagadas no centro de Porto Alegre. Segundo técnicos do DMLU, somente depois que a água baixar nesses locais as equipes de limpeza poderão retirar o lixo acumulado.
“A primeira etapa da limpeza das estradas é a retirada de entulhos, como móveis e eletrodomésticos descartados pela população. A próxima etapa é a raspagem da lama que, ao secar, endurece nas estradas que não ficam mais alagadas. ainda está previsto, as obras terão que ser paralisadas. É muito difícil dar uma previsão de quando a limpeza vai acabar”, explica o diretor-geral do DMLU, Carlos Alberto Hundertmarker. Apesar do acúmulo de lixo dificultar a drenagem das enchentes, o DMLU reforçou a orientação para que a população continue descartando-o nas ruas.
A enchente também traz problemas na rede pública de energia. Ontem, devido a um curto-circuito causado pelo excesso de água na região, uma subestação do metrô da capital gaúcha foi bastante danificada devido a um incêndio.
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