Cada cidade, ou território, que busca ocupar um lugar de destaque como destino turístico precisa desenvolver uma série de atividades, desde estabelecer ou melhorar infraestrutura, passando pela capacitação de mão de obra, adequar ou melhorar atrativos, formatar produtos e serviços turísticos, e claro, identifique a sua estratégia de posicionamento turístico e liste as ações de marketing turístico a realizar para alcançar os resultados pretendidos.
As ações de marketing e promoção turística requerem cuidados especiais, pois são responsáveis por definir as estratégias, os projetos e as iniciativas diversas que traçarão os caminhos para que os resultados planejados sejam efetivamente alcançados. A sua importância deve-se sobretudo ao facto de ser orientado pela tomada de decisão, sendo que por cada escolha realizada também é estabelecida uma renúncia. Ou seja, não é possível nem estratégico querer um destino que tenha “tudo” para “todos” a “todos” os momentos.
Ofertas além do óbvio
Assim, ao determinar um perfil de turistas como público-alvo destas ações, automaticamente “abre-se” parcial ou totalmente outros perfis, ao reconhecer a orientação de um destino para um determinado tipo de oferta, outros podem deixar de receber atenção, investimento e infraestrutura . Esta é uma das razões pelas quais um destino pode ser reconhecido como “destino de compras”, “destino de luxo”, “destino de saúde”, “destino de lazer e férias”, “destino de ecoturismo”, “destino de negócios e eventos” entre outros. Contudo, é preciso deixar claro que, apesar da escolha, muitas vezes existe a possibilidade de ofertas secundárias, complementares ao segmento âncora. Por exemplo, um destino de negócios e eventos também pode oferecer atividades complementares para turistas que buscam cultura e entretenimento.
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Muitas vezes, como residentes, empresários ou mesmo como turistas, temos a “sorte” de nos desviarmos do caminho ou de “cairmos” em algum lugar inesperado e conseguimos observar essas oportunidades, quando nos perguntamos por que muitas vezes não são aproveitadas. Posso citar os diversos parques urbanos de muitas cidades, que por vezes não têm, ou quase não, ligação à atividade turística. Ou ainda, centros culturais com uma agenda rica de atividades como exposições, shows, espetáculos. Feiras e eventos temáticos, sejam de arte, brechós, antiguidades, música, novos artistas, o que pensamos, como isso não está nos guias e diversas informações turísticas sobre o destino?
Tenho me perguntado cada vez mais sobre esse tema, porque me parece uma bobagem que existam tantas atividades, serviços, produtos diferentes e super interessantes em muitos destinos, aliás, que estão de acordo com a opinião dos turistas. tendências de consumo, que mostram cada vez mais o desejo de sair do comum, do padrão, do pasteurizado, mas isso não está ao seu alcance. Parece-me que temos uma enorme capacidade de esconder tesouros e experiências.
Oportunidades num destino através de PPP’s
Talvez, em muitos casos, estas oportunidades sejam perdidas devido a dificuldades de gestão, sejam elas públicas ou privadas. Porém, quando destacamos o que é ordem pública, acredito que elas podem se tornar o resultado de investimentos diferenciados e de oportunidades de inovação, de novas ocupações e de usos diversos. No entanto, muitas vezes não identificamos as razões pelas quais estas oportunidades não são aproveitadas, especialmente quando existe a possibilidade de estabelecer algum nível de Parceria Público-Privada, as chamadas PPP’s, que estão a tornar-se cada vez mais populares, incluindo no turismo.
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As PPP’s têm sido cada vez mais debatidas, são muito comuns e reconhecidas quando falamos em rodovias, penitenciárias, serviços de saúde, saneamento e outros. No turismo, tornaram-se comuns quando se trata de aeroportos, rodoviárias, espaços para eventos, centros culturais e de entretenimento, parques naturais, entre outros. É importante destacar que as PPP’s possuem diferentes modalidades, são avaliadas e prospectadas de acordo com o setor em que atuam, oportunidades de desenvolvimento e crescimento, relacionamento com os diversos atores e grupos impactados pelo objeto, entre uma série de outras variáveis.
No caso do setor turístico, as PPP’s, quando bem trabalhadas, podem contribuir para uma gestão mais dinâmica de produtos e serviços, proporcionando uma experiência cada vez mais qualificada ao usuário/turista/cliente, diferente do que a administração pública consegue, dada a sua própria legalidade. natureza e modelo de gestão.
Diálogo para melhor entendimento
Entendo que o tema das PPP’s pode ter o seu grau de controvérsia e, pela minha experiência, muitas vezes é causado pela falta de conhecimento, ou confusão, que muitas pessoas têm em relação aos conceitos, e diferenças, entre privatização e concessão. Acredito que qualquer controvérsia pode ser esclarecida através do diálogo e do tratamento transparente de pontos sensíveis, críticos e polêmicos. Portanto, todo o processo de escuta estabelecido ao longo dos projetos de implementação de PPP é de extrema importância.
Um dos pontos-chave desse diálogo é entre o poder público, detentor do equipamento, estrutura ou serviço, e o setor privado que atua no segmento. Um diálogo por vezes longo e difícil, mas que exige transparência e compromisso de ambas as partes. Numa determinada situação, tive a oportunidade de participar de uma visita técnica a um parque público, que estava parcialmente fechado. No final da visita, reunimo-nos para uma avaliação, num misto de frustração porque vimos o seu potencial, e entusiasmo, em querer fazer algo verdadeiramente significativo para o destino e para a sua população. Houve um entendimento unânime de que é possível fazer algo em parceria com outros atores do destino, para chegar a uma oferta interessante e qualificada para a sociedade e também para os turistas.
Os relatos reforçaram que é preciso equilibrar as necessidades, demandas e interesses de ambas as partes, para que o projeto ganhe relevância, tenha empreendedores interessados e resulte na oferta de um serviço cada vez mais qualificado para os diferentes públicos envolvidos, desde população local, outros empresários e os próprios turistas.
E você? Você já experimentou algo semelhante? Conhece algum lugar, atividade, empreendimento que, com um “empurrãozinho” possa tornar a oferta turística de determinado destino ainda mais especial?
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