O ataque na Praça dos Três Poderes, na noite de quarta-feira, colocou os governos federal e do Distrito Federal em lados opostos no que diz respeito ao reforço da segurança no local. Para o Palácio do Planalto, as barreiras metálicas que isolaram os prédios do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto — especialmente após a tentativa de golpe de Estado dos bolsonaristas, em 8 de janeiro de 2023 — não devem ser substituídas. O GDF, por sua vez, não só discorda dessa posição como já decidiu que as divisões voltarão pelo menos no perímetro do STF.
“Sei que parece uma medida pouco amigável, principalmente para quem visita Brasília. Mas enquanto avaliamos a questão das câmeras, do reconhecimento facial, dos drones autônomos, do compartilhamento de dados, da visualização, do reconhecimento, neste momento seria oportuno restabelecer o perímetro das grades”, disse o secretário executivo de Segurança Pública do DF, Alexandre Patury, após reunião sobre o tema, no STF, ontem.
Em maio de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou a retirada das barreiras metálicas ao redor do Palácio do Planalto —ele argumentou que não queria uma separação entre a sede do Executivo e a população. A estrutura foi construída em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, quando ocorreram uma série de protestos na Esplanada dos Ministérios. Após a retirada das barreiras metálicas do Palácio, também saíram as do STF.
Segundo a governadora em exercício Celina Leão, o GDF discordou da retirada. “Na época, a Secretaria de Segurança foi contra. A cerca não impede, mas cria uma barreira adicional. Demora segundos ou minutos para os homens (de segurança) que estão nesses locais agirem”, afirmou, ontem, na entrevista que concedeu ao CB.Poder — parceria entre Correio Braziliense e TV Brasília.
Embora o GDF diga que não houve falha no dispositivo de proteção das sedes dos Três Poderes devido ao ataque de quarta-feira, a Secretaria de Segurança Pública avalia mudanças nos procedimentos para evitar futuros ataques. Segundo Patury, o Esplanada possui um esquema de proteção eficiente, mas que pode ser melhorado com a utilização de câmeras equipadas com dispositivos de reconhecimento facial de potenciais suspeitos.
Aumento de pessoal
Como, pelo menos no perímetro do Palácio do Planalto, as barreiras metálicas não vão voltar, em troca disso, o governo federal colocou em prática, ontem, a Operação Escudo — que aumenta o número de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI ) e soldados do Exército, tropas de choque no entorno da sede da Presidência da República. O Supremo também reforçou o efetivo de efetivos para proteção da sede do Poder Judiciário, que se somará às contenções metálicas.
Para o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, as equipes de segurança têm total confiança no dispositivo palaciano. Tanto é que, segundo ele, o ataque não alterou o calendário dos próximos grandes eventos internacionais —a cúpula de chefes de estado e de governo do G20, no Rio de Janeiro; e a visita do presidente da China, Xi Jinping, na próxima quarta-feira, em Brasília.
“Temos total confiança nos agentes de segurança, não só na segurança do Palácio, mas também na do STF e do GDF”, garantiu. O reforço deverá permanecer no local, pelo menos, até o início da próxima semana.
Unidade antiterror
De Roma, o governador Ibaneis Rocha instruiu o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, a implementar uma divisão antiterrorismo na Polícia Civil. A nova unidade será formada por policiais especializados no combate ao crime organizado.
Além disso, Ibaneis ordenou que os órgãos de segurança pública prestassem a máxima atenção. A Polícia Civil mantém todo o pessoal em alerta —um horário especial vigora até domingo.
“O pessoal convocado deverá estar preparado para atendimentos a qualquer momento, permanecendo acessível e disponível para possíveis emergências, com telefones atualizados e ativos, equipamentos essenciais para pronto atendimento e contato periódico com a gestão imediata”, enfatiza a orientação ao sociedade anônima, assinado pelo delegado geral José Werick de Carvalho.
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